sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Bob Nobel Dylan

Ontem faleceu Dario, foi laureado Bob. No mesmo dia em que se fina o Nobel mestre da farsa, da comédia, da sátira e da incongruência subversiva, entra para a galeria da Academia Sueca uma nota de reconhecimento ao tradicionalista arauto da subversão, cantador e criador de poesia popular e comprometida. Pois, isto é um bom pretexto para (re)ler ambos, deixar por momentos o surreal quotidiano de Luanda, deixar espairecer a mente por outros assuntos e outros mundos, gozar de um momento de devaneio, o humor e a poesia são coisas sérias. Faz-me lembrar que há anos que não leio nada de jeito em inglês, a "culpa" deve ser de ter ficado encantado com a tradução de Poe por Pessoa. Situação a rever... Em italiano nunca li nada, só traduzido, mas dada a afinidade, deve ser mais simples não se perder pitada. Lost in translation? Niente perso nella traduzione.
Curiosa a coincidência de terem sido Nobelizados estes contemporâneos, Fo & Dylan, estou curioso em descobrir os seus pontos de abordagem a uma mesma realidade, com meio mundo e um oceano a separá-los, quiçá próximos na força das ideias. De um lado um escritor arquitecto que fez teatro e televisão e compôs canções desconhecidas, do outro lado um compositor e cantor de sucesso incontornável, pintor pouco reconhecido e contestado poeta, quase desconhecido escritor mas que até ganhou um Pulitzer, tal como o Nobel de agora, pelo contributo para a música popular americana.

Ontem choveu em Luanda. Bem vistas as coisas, pouco na cidade, bastante à volta da cidade. A estação das chuvas está aí. Nada demais, há um par de semanas ainda nem era chuva a sério, apenas uma chuvinha "assim de se coçar..." mas anunciava a mudança da estação, a poalha fininha assentou algum do pó e fez escorregar os carros na estrada oleada. No outro dia a carga de água foi mais "à séria", notou-se logo na TV: as nuvens carregadas encobrem o satélite e o sinal começa a falhar, sabemos a dimensão da tempestade pelo tempo que ficamos sem televisão. O calor começou a apertar. Vai já estar bom para a praia. A energia está a faltar mais frequentemente. O trânsito aglomera-se nas ruas em obras, Sexta-feira tudo sai cedo, menos os incomodados que não vieram. Sem estresse...

De onde menos se espera, daí é que não sai nada. (Barão de Itararé)

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