Havia uma lagoa no Kinaxixi, foi como me explicaram. O
prédio que nunca foi acabado estava sobre ela, nunca drenaram completamente a
lagoa quando lançaram as fundações do prédio e as caves estavam sempre
inundadas e ouvia-se sempre a água a correr, fonte de superstições e medos
infantis, foi o que me disseram, de quando em jovens por lá brincavam. Também
me contaram das famílias que o ocuparam, apesar da lagoa que teimava em
reaparecer, das mortes por queda dos andares altos sem varanda nem outro
acabamento, algumas paredes exteriores feitas já pelos moradores. Tijolo nu,
esqueleto de betão, edifício incompleto, perigoso; li algures que foram para o
Zango as 122 famílias que lá viviam em 2011, porque o prédio iria ser demolido.
O outro, o da Maianga |
Pronto, foi demolido, entre Junho de 2015 e Abril de 2016.
Saltam à vista os esqueletos inacabados, quase uns
"ex-libris" negativos de Luanda, curiosidades para turistas? Um na
Maianga, a aguardar sabe-se lá o quê, e o acima citado e agora desaparecido dito
"da Lagoa" ali ao pé do
mercado (demolido) do Kinaxixi e em frente ao prédio (demolido) da Cuca a
estragar as vistas das duas proeminentes megalómanas e altivas torres que estão
a ser construídas nos seus lugares já há uns anos. Curiosamente, há mais exemplares da
época/arquitectura/estado de (in)acabamento noutras cidades, o fenómeno não é
exclusivo da Capital. Enfim, este já era. Luanda inexoravelmente moderniza-se, limpa as incongruências e cresce em altura.
Kinaxixi, sub. (III) Tremedal; pântano; charco. Poça formada
de água das chuvas.
In (193?) A. de
Assis Junior: "Dicionário de Kimbundu-Português". Argente, Santos
& C.ª L.da (Ed.). Luanda.
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