Fez ontem setenta anos que entrou
em vigor a Carta
das Nações Unidas, assinada por 50 países saídos da II Grande Guerra e apostados
em evitar mais guerras. Curiosamente quatro deles eram Uniões de países saídas da guerra, uniões desfeitas ainda antes do final do Século XX. Depois da Carta
assinada, metade dos países signatários entraram em guerras, sustentaram
guerrilhas, sofreram revoltas, tiveram revoluções e vivem ainda em guerra, algumas dessas guerras entre membros
das Nações Unidas.
Um dia destes (re)passaram na tv um
par de reportagens sobre o regime absolutista da Coreia do Norte (que não
pertence às Nações Unidas) e uma vez mais me toca a extraordinária força das
palavras, a força das ideias. Sejam elas quais forem, num determinado contexto
em que se admitam como verdade incontestada, em que quem as profere tem num
momento o estatuto e a credibilidade absoluta, coisas grandiosas podem acontecer.
Desde que o mentor das ideias ou o Senhor da Palavra esteja disposto a ir até
às últimas consequências, convenientemente assessorado (que é como se diz hoje
em dia...) por uma pequena elite de apoiantes incondicionais, a união acontece,
a revolução acontece.
As ideias revolucionárias arrastam multidões a fazer
coisas de outra forma impensáveis, à conta de uma ideologia martelada insistentemente no seu subconsciente até
se tornar a única realidade possível ou mesmo imaginável; as revoluções têm depois um efeito perverso, o exercício incontrolado do poder, a
visão da eternidade aparentemente alcançável, a preservação dos privilégios
numa elite que controla o uso da força ao mesmo tempo que sustenta a incultura
das massas... A União, a Força, o Poder, seduzem, empolgam, levam-nos na onda. Embora
a longo prazo se tenha verificado que muitas vezes dá raia, não deixamos de
tentar, não seria humano não tentar; no entanto, que seria do Mundo se algumas ideias não resultassem?
Lenine discursando (de Wikipedia - Revolução) |
Um dos 50 signatários originais da Carta das
Nações Unidas, uma União, teve um percurso desgraçadamente completo nos últimos
cento e pico anos: saiu de uma guerra, sofreu uma revolução, entrou em mais um
monte de guerras, acabou com a União, continuou a sustentar e a entrar em mais
guerras. Como que a lembrar que passa mais um ano sobre o regime bolchevique
instaurado da Rússia em 25 de Outubro de 1917, na falta de melhor documentário sobre
a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (Союз Советских Социалистических
Республик ou CCCP para os russos), recomendo a Revolução de Outubro, segundo
Baldrick: http://www.bbc.co.uk/programmes/p00hhr1f.
E desafio algum leitor que, tenha passado distraidamente por estas linhas, a
pensar pela sua própria cabeça e a responder ao pequeno questionário que se
segue sobre outra revolução:
Onde é que eu estava no 25 de
Abril?
a) A
colaborar com o MFA
b) A
beber uns copos com os amigos
c) A
curtir uma musica
d) Todas
as anteriores
e) Nenhuma
das anteriores
Que teóricos me inspiraram neste
artigo?
a) Karl
Marx
b) Friedrich
Engels
c) Friedrich
Nietzsche
d) Todos
os anteriores
e) Nenhum
dos anteriores
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