domingo, 25 de outubro de 2015

Sobre a União e Outras Forças da Natureza

Fez ontem setenta anos que entrou em vigor a Carta das Nações Unidas, assinada por 50 países saídos  da II Grande Guerra e apostados em evitar mais guerras. Curiosamente quatro deles eram Uniões de países saídas da guerra, uniões desfeitas ainda antes do final do Século XX. Depois da Carta assinada, metade dos países signatários entraram em guerras, sustentaram guerrilhas, sofreram revoltas, tiveram revoluções e vivem ainda em guerra, algumas dessas guerras entre membros das Nações Unidas.
Um dia destes (re)passaram na tv um par de reportagens sobre o regime absolutista da Coreia do Norte (que não pertence às Nações Unidas) e uma vez mais me toca a extraordinária força das palavras, a força das ideias. Sejam elas quais forem, num determinado contexto em que se admitam como verdade incontestada, em que quem as profere tem num momento  o estatuto e a credibilidade absoluta, coisas grandiosas podem acontecer. Desde que o mentor das ideias ou o Senhor da Palavra esteja disposto a ir até às últimas consequências, convenientemente assessorado (que é como se diz hoje em dia...) por uma pequena elite de apoiantes incondicionais, a união acontece, a revolução acontece.
Lenine discursando
(de Wikipedia - Revolução)
As ideias revolucionárias arrastam multidões a fazer coisas de outra forma impensáveis, à conta de uma ideologia martelada insistentemente no seu  subconsciente até se tornar  a única realidade possível ou mesmo imaginável; as revoluções têm depois um efeito perverso, o exercício incontrolado do poder, a visão da eternidade aparentemente alcançável, a preservação dos privilégios numa elite que controla o uso da força ao mesmo tempo que sustenta a incultura das massas... A União, a Força, o Poder, seduzem, empolgam, levam-nos na onda. Embora a longo prazo se tenha verificado que muitas vezes dá raia, não deixamos de tentar, não seria humano não tentar; no entanto, que seria do Mundo se algumas ideias não resultassem?
Um dos 50 signatários originais da Carta das Nações Unidas, uma União, teve um percurso desgraçadamente completo nos últimos cento e pico anos: saiu de uma guerra, sofreu uma revolução, entrou em mais um monte de guerras, acabou com a União, continuou a sustentar e a entrar em mais guerras. Como que a lembrar que passa mais um ano sobre o regime bolchevique instaurado da Rússia em 25 de Outubro de 1917, na falta de melhor documentário sobre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (Союз Советских Социалистических Республик ou CCCP para os russos), recomendo a Revolução de Outubro, segundo Baldrick: http://www.bbc.co.uk/programmes/p00hhr1f. E desafio algum leitor que, tenha passado distraidamente por estas linhas, a pensar pela sua própria cabeça e a responder ao pequeno questionário que se segue sobre outra revolução:

Onde é que eu estava no 25 de Abril?
a)      A colaborar com o MFA
b)      A beber uns copos com os amigos
c)       A curtir uma musica
d)      Todas as anteriores
e)      Nenhuma das anteriores

Que teóricos me inspiraram neste artigo?
a)      Karl Marx
b)      Friedrich Engels
c)       Friedrich Nietzsche
d)      Todos os anteriores
e)      Nenhum dos anteriores

As respostas estão todas no texto :-)

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