segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Correios de Angola (e as eleições portuguesas...)

Imagino a dedicação que é necessária para distribuir correspondência numa cidade como Luanda. Os carteiros têm de conhecer os cantos ruas e becos, fixar caras e nomes. Mesmo no centro da cidade, há prédios sem número, números repetidos na mesma rua, ruas com múltiplos nomes (nome "do tempo colonial", nome novo, alcunha, nome tradicional do sítio) largos que são ruas, cruzamentos que eram rotundas, prédios novos ocupando quarteirões inteiros, vivendas e apartamentos divididos e subdivididos, com anexos desregulados ao lado, por cima, atrás, partilhando entradas onde antes eram pátios. E isto, no centro da cidade, nem me atrevo a comentar os bairros da periferia. E no entanto, vai funcionando, com uma fiabilidade louvável, apesar da eficácia notoriamente  menor que noutros países, mesmo vizinhos. Quero acreditar que a distribuição de correio poderá melhorar, mas entretanto... é o que há.

Ah, claro, a carta com o boletim de voto em falta chegou quinze dias antes das eleições à central dos correios, assim atesta o carimbo de entrada. Mas só foi distribuída e entregue na morada de destino no dia 6 de Outubro. Cinco dias depois da data limite para o carimbo dos correios permitir o voto válido. Para ser  "expedida do país de origem o mais tardar no dia da eleição (4 de outubro)" a cartinha com o  voto teria de ser enviada de facto até dia 2, sexta-feira, não há correio no fim-de-semana. 
Seria mesmo muito difícil enviar a gaita do boletim de voto por outra via, com mais antecedência? Por muito que se queira, não estamos em Hannover ou em Bordeaux, pretendê-lo é fingir ou divagar, até certo ponto desconsiderar Luanda em vez de respeitar a sua realidade e agir em conformidade. Já para não falar no que é devido aos cidadãos impedidos de votar.



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