Ao fim-de-semana nem tanto, a
cidade não é invadida pelos trânsito pendular massivo e caótico, pelo menos ao
Domingo. É ao Domingo que a cidade descansa, se encolhe, fica pequenina enroscada
sobre si própria, numa calma provinciana e enganadora. Segunda-feira de novo se
expande e incha de povo, lá vamos nós outra vez no corrupio diário, nem sei o
que seria se não fosse o final de semana para ganhar coragem como dizia o
poeta.
Num dia de semana, um dia destes foi ...
Dia
de ficar trancado.
A porta da rua tem uma fechadura recentemente
instalada com duas trancas, mas ainda não tem o buraco no chão para a tranca
inferior encaixar cumprindo a sua função. Assim não fecha bem, a tranca encosta
no chão, a chave não roda a volta completa, costumamos deixar no trinco; alguém
saiu e esqueceu, forçou meia volta a mais na chave, os restantes acordaram
trancados dentro de casa, a bendita fechadura encravou e não quer abrir nem por
dentro nem por fora. Meia dúzia de parafusos desapertados e meia hora depois,
conseguimos aliviar a tranca e aliviar a fechadura, e lá se conseguiu rodar a
chave para a posição correcta, deixando-nos sair. Bom material, a fechadura
parece robusta e ainda funciona, a chave não partiu, a porta também não, e com
a tranca do lado de baixo convenientemente desmontada havemos de circular sem
problemas enquanto o buraco no chão não aparece. Só que foi...
Dia
de ficar trancado.
No parque lá em baixo, alguém
parou o carro a impedir a passagem dos sete últimos carros alinhados, estacionados
no improviso entre o passeio e os prédios. Outro parou atrás dele, vi da
janela, quando ia a sair. Quando acabei de descer a escada, outro ainda estava
já parado atrás dos anteriores, já são três em fila e os bloqueados são nove,
talvez dez, alguém deixou já a mão na buzina. O meu também está lá atrás...
Esgotei a vontade de destrancar coisas na porta de casa. Não tem maka, vou a pé,
ainda tenho tempo. O que vale é que está bom tempo, nada vai estragar o meu
dia...
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