É inevitável usar o trânsito da
Cidade Capital como metáfora seja lá do que for, de tão influente que é o omnipresente
engarrafamento na vida dos luandenses. No que me toca, já somei uns pontinhos na
sinistra estatistica do acidente rodoviário; portanto, avaliada essa condição,
tento não me meter em "avarias" e deixo fluir o trânsito. Sempre ganho
espaço para meditar (e para passar sem riscar a viatura) e, imagino, uns anos de vida. Saldo
da questão, o que é que se faz durante a hora e meia de trânsito, vá lá, pronto, hoje foram duas horas, do
trabalho até casa? Pois. Tudo. Dizia o W no outro dia que o segredo para
enfrentar o trânsito em Luanda "…é não estressar: vai chegar atrasado?
Pois vai; então p'ra quê estressar? O atraso já está registado… seja de quinze
minuto ou duas hora, já está registaaado…" com aquele arrastado no
"a" que acentua a afirmação e reforça a veracidade do conceito no falar ritmado destas bandas.
Nem sempre terá sido, admito, mas agora até acho mais calma e encontro mais comportamento civilizado no anda-para da hora (sempre) de ponta, ainda bem que inventaram os carros automáticos. Dá-se um jeito para entrar na fila, aguarda-se alguém sair do carro da frente, pausa-se um momento e liberta-se o espaço à justa para uma carrinha atravessar o cruzamento congestionado. Trânsito não é caos, é simplesmente uma desordem temporária nos assuntos dos homens, um mambo para ir resolvendo como qualquer outro, no tempo que tivermos. Não adianta é combinar hora: trânsito não é relógio, nunca bate certo. Esta incerteza da hora de chegada pode tornar-se mais insuportável que o assunto não resolvido ou adiado pelo atraso, por isso deixo-me, devagar, divagar, no movimento lento do tráfego, embalado pela estatística incerteza sobre o melhor caminho a seguir. Será esta incerteza a mesma incerteza que é certamente o princípio mais importante da Mecânica Quantica? Com a certeza de que não irei por aí (Bohr…ing), também não irei sair desta fila, pela outra rua poderá ser ainda mais demorado. Sem estresse. Mesmo não conseguindo quantificar a probabilidade de o trânsito ser pior na outra rua, o aspecto dos condutores que para lá se dirigem não é diferente do dos que circulam por esta.
Nem sempre terá sido, admito, mas agora até acho mais calma e encontro mais comportamento civilizado no anda-para da hora (sempre) de ponta, ainda bem que inventaram os carros automáticos. Dá-se um jeito para entrar na fila, aguarda-se alguém sair do carro da frente, pausa-se um momento e liberta-se o espaço à justa para uma carrinha atravessar o cruzamento congestionado. Trânsito não é caos, é simplesmente uma desordem temporária nos assuntos dos homens, um mambo para ir resolvendo como qualquer outro, no tempo que tivermos. Não adianta é combinar hora: trânsito não é relógio, nunca bate certo. Esta incerteza da hora de chegada pode tornar-se mais insuportável que o assunto não resolvido ou adiado pelo atraso, por isso deixo-me, devagar, divagar, no movimento lento do tráfego, embalado pela estatística incerteza sobre o melhor caminho a seguir. Será esta incerteza a mesma incerteza que é certamente o princípio mais importante da Mecânica Quantica? Com a certeza de que não irei por aí (Bohr…ing), também não irei sair desta fila, pela outra rua poderá ser ainda mais demorado. Sem estresse. Mesmo não conseguindo quantificar a probabilidade de o trânsito ser pior na outra rua, o aspecto dos condutores que para lá se dirigem não é diferente do dos que circulam por esta.
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