Uma grande trovoada aqui por cima
anunciada pelo levantar do vento, a marcar o final da tarde quente. Céu azul,
nuvem cinzenta, depois amarela, os raios riscam as nuvens para as bandas do
Oeste, a chuva cai copiosamente em pingas grossas, interminável. Um raio cai pertinho, um "tssk" de fritura seguido do estampido que abana as paredes não
engana, foi mesmo aqui. A chuva cai ruidosa no telhado de metal, pingas
grossas, interminável. Faltou a luz. A noite cai, menos rápida que em Luanda,
(José Eduardo Agualusa dizia que "em Nova Iorque a noite desce, em Luanda
a noite cai"), mas neste verão africano o lusco-fusco não dura como aqueles
crepúsculos intermináveis das nossas latitudes. É noite feita e estranhamos a
falta de conforto da iluminação no átrio do hotel, é preciso lanterninha para
encontrar a fechadura na porta do quarto. O gerador não ligou logo, vai
demorar. Pede-se um refresco na esplanada para passar o tempo, a chuva continua
a cair ensurdecedora no telhado de metal; "o gelo acabou", paciência.
Alguém liga a música num telemóvel, os U2 num "Beautiful day" ecoam no
pátio. Resta aguardar que a luz volte e ilumine o jantar mais tarde. Ainda bem
que a chuvada amenizou o ambiente, antes estava uma caloraça insuportável.
Agora está bom, assentou o pó, refrescou o ar. Afinal sempre há jantar, cerveja
bem fria, café. Só o gelo é que ainda. Está-se bem na esplanada agora iluminada (o gerador lá arrancou). A trovoada continua mais para Leste, só se vêm os clarões dos relâmpagos. Já lá
vão seis horas, pelo menos, e ainda não parou.
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