domingo, 9 de dezembro de 2012

À boleia

Ontem o cachucho frito estava bom, o funje também, talvez faltasse um pouquinho de sal. Havia também feijão de óleo de palma e couve salteada, os quitutes habituais. Vida simples por estas bandas do Kunene, a recordação mais marcante será a qualidade da batata-doce. Já as que comi no Huambo, em Uíje e em Luanda (presumivelmente do Bengo) e mais recentemente no Bié, eram mais sensaboronas: batata sim, doce nem por isso. Esta de Ondjiva era espectacular. Também provei em Cabinda, terra mais de boa chicuanga, mas quanto a batata-doce nada de especial excepto pelo tamanho, nunca tinha visto com tal dimensão (alguns três quilos de batata, enormes!). Ou seja, tenho de colmatar algumas falhas na minha cultura geral, não recordo as batatas-doces de Benguela, Namibe, dos Kwanzas nem da Huila (comi lá, tenho a certeza), nem ainda consegui apanhar boleia para as restantes províncias onde nunca fui comer batatas-doces. Nem fazer outra coisa qualquer. Não sendo por si só um objectivo consistente para ir à boleia correr as estradas e ver as vistas deste país extraordinário, não deixa de ser uma das poucas coisas de comer genuinamente africanas que se conseguem vulgarmente apreciar em todo o lado. A influência dos Descobrimentos foi fantástica: nem consigo imaginar, por exemplo, uma vida sem feijão, abacate, ananás, milho, tomate, mandioca, pimento… É, não é? Vamos lá ver qual será a batata-doce seguinte, onde estas boleias por Angola acima e abaixo me irão levar.

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