"Há vários anos que estamos sob o domínio estrangeiro. A situação é precária, as famílias mal conseguem cavar o seu sustento e são logo espoliadas pelas colectas que os senhores da terra não se coíbem de lhes impor. Os que, movidos pela necessidade foram à aventura e emigraram, vêm-se perante novos desafios das terras estranhas, de povos exóticos com modos de vida, tradições e cultura que não conseguem entender. Adaptam-se, no entanto, transformam-se em colonizados-colonizadores. Alguns voltam à terra de onde saíram, trazendo algum pecúlio junto nas andanças da fortuna, criando na ingrata, mas apesar de tudo Pátria, algum desenvolvimento e algum sustento onde antes não havia. Muitos continuam mal, um mal-estar de trabalhar para o colonizador, que aperta as entranhas e não deixa descansar. Até que um dia, alguma elite desapossada e indignada clame "Basta!" e decida agir contra o domínio estrangeiro, talvez inspirada pelas revoltas latentes dos vizinhos, um dia, com esforço, coragem e algum brio, volte a reclamar a independência. Será errado querer estar bem em sua própria casa? Querer ser responsável e participar no destino da sua comunidade, e sobre tudo, ter em apreço a liberdade? Serão essas as razões da acção necessária nos tempos que hão-de vir".
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Évora, Agosto de 1637
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Luanda, Fevereiro de 1961
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Lisboa, 1 de Dezembro de 2012
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