Reconheço que é difícil ficar indiferente à geografia e à geopolítica (bem como ao clima e aos mosquitos), numa Angola de padrões estereotipados ou em vias disso, onde se encontram as mesmas pessoas e coisas superficialmente idênticas de Norte a Sul, mas que, num olhar mais atento, se revelam profundamente diferentes e não generalizáveis. Deambulando por entre os resíduos da construção "à portuguesa" que surgem em cada esquina das povoações (é engraçado passar numa rua do Namibe e esfregar os olhos pensando, "espera, isto não é Alentejo"), reconheço que desta minha posição "turística" é difícil passar de curioso a estudioso, mas na verdade, impressionado fico; e vou procurando entender o que vejo e ouço enquanto descarto as visões redutoras que me impingiram desde pequenino. Aqui para o caso, por exemplo, é curioso como a língua oficial cimenta a normalização, ao mesmo tempo que algumas línguas tradicionais são estimuladas e divulgadas; da mesma forma, a teia religiosa de inspiração cristã envolve os costumes tradicionais e recupera-os para a sua prática, ao mesmo tempo que se torna o agente que preserva (alguns) valores tradicionais no vazio cultural que fica da necessidade de sobrevivência estrita, inadequadamente preenchido pela influência estrangeira. Hesito: deverei aprender kimbundo ou mandarim? Tenho de procurar mais...
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Interlúdio
Há muita coisa escrita na Internet sobre o investimento português em Angola nos últimos cento e tal anos, que é como quem diz, sobre a colonização dos territórios que sobraram ou calharam em sorte à coroa portuguesa na divisão de África feita na conferência de Berlim de 1884-85, mais alemães e menos mapa cor-de-rosa. Ainda um dia gostava de conhecer um "mapa" das nações africanas antes dessa divisão colonial, só para tentar perceber se haverá alguma boa razão para as nações africanas actuais, salvo raras excepções, existirem e tentarem progredir respeitando as fronteiras então desenhadas a régua e esquadro, mais rio menos lago, num mapa abstracto e nada respeitoso para os povos indígenas. Nomeadamente, gostava de saber mais sobre os povos e os territórios do Lubango para Sul, as terras que são hoje conhecidas por províncias do Namibe, Kunene e Kwando Kubango. Tenho de procurar mais…
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