A parte do "não deixa
dúvidas" é obviamente apenas para iniciados nas matérias, de preferência em
tradução automática ou, vá lá, em electricidade. Tenho um hábito (quase
alemão…) de ler todas as indicações escritas, tabuletas, signos, placas,
setinhas ou avisos de qualquer ordem, para efeitos de orientação. Certamente
por defeito profissional - em tempos "obrigaram-me" a escrever
manuais e continuo a ler manuais regularmente - valorizo a informação escrita
em tudo o que é indicador, apontador, mapa, símbolo ou placa. Admito, em tempos
teria ficado com os cabelos em pé perante estes disparates linguísticos e o
sorriso amarelo de incredulidade teria dado lugar naturalmente a uma qualquer acção correctiva; actualmente reajo diferentemente, circulam tantas atoardas
semelhantes que receio ter embotada a capacidade de reagir perante a
banalização da anormalidade. Ou para por os cabelos em pé, se calhar é mais por
aí. Ou será uma visão mais pragmática da coisa? Convenhamos, a palavra
"transformador" bastaria para espevitar um vago conceito de
necessidade técnica em qualquer um capaz de a ler; o restante do escrito é
irrelevante para o produto final e, mesmo que correctamente traduzido,
dificilmente induziria no destinatário-utilizador completamente desfasado dos
detalhes de construção da peça, qualquer ganho perante a objectiva produção de torradas
e galões a pedido.
Há por aqui tanta placa em
chinês, tantas vezes sem tradução associada. É curioso e faz pensar, a
evidência de duas línguas tão influentes mundialmente, no contexto de uma
cultura que não é de uma nem de outra. Sinto-me em (imensa) minoria… Falar
português é bom, na verdade, mas nunca tive tanta vontade de aprender mandarim como
desde que comecei a circular por Angola.
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