A sazonalidade dos produtos da terra nas latitudes mais temperadas, aqui não se aplica; ainda me surpreende a naturalidade com que frutas e legumes
ocorrem durante o ano todo. Aqui não há efectivamente muitos frutos da estação,
diria que há mais frutos da oportunidade (em encontrá-los na cidade). Ah, sim,
está a começar a estação do loengo, alguns frutos afinal (ainda) são sazonais,
não são como os agriões daquela marca inglesa que há todo o ano, se não vierem
daqui vêm dali, onde houver oportunidade de os fazer crescer, independentemente
da estação do ano "aparecem" diariamente na prateleira do
supermercado. Mas esses não são desta história; se falarmos de fruta importada,
à volta do Mundo haverá sempre um canto qualquer onde as tangerinas ou os
melões estão maduros e a caminho de Luanda. Até aqui, a salsa, o agrião e o
alecrim "de marca" aparecem a concorrer com as ervas produzidas no
país, que se dão durante o ano todo, assim haja oportunidade de importá-las
para a Capital do Grande Consumo.
Pode-se mesmo falar das oportunidades ao longo do ano, o conceito
de produto da estação na generalidade não se aplica: hoje não há batata doce,
mas há laranjas com fartura, há também tomate, mas não vejo pimento há algum
tempo, não é época nem de umas nem de outras, aqui por estas bandas ambas se
dão praticamente em qualquer época do ano. Só não há batata doce porque não
calhou, falhou o transporte, as estradas nos Kwanzas estão uma lástima neste
final de estação. Quase catorze horas para chegar do Kuito a Luanda pelo Sumbe,
nada recomendável o percurso pelo Waco Kungo e o Dondo, está pouco menos que intransitável, no ano passado ainda funcionava, vai ser lindo daqui a pouco quando começar a estação das chuvas. Em sentido
contrário, está cada vez mais difícil arranjar alguns produtos nas províncias,
como dinheiro no Multicaixa: filas e filas nos poucos activos que se encontram,
muita procura, poucas notas. Disseram-me que está difícil e caríssimo
transportar as notas de Luanda, portanto viajar só com "plástico" no
bolso ficou constatado que é mais difícil. Voltando às frutas e legumes, pode
ser que haja aqui uma oportunidade para a banana de Benguela ou para a batata doce de Cabinda, sempre podem chegar
a Luanda de barco.
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