Depois de um dia "a ver as
vistas" de cortar a respiração, o horizonte limpo de montanhas a perder de
vista, a Bibala pequenina lá em baixo aos pés da Tundavala, as curvas da
estrada da Serra da Leba com um churrasquinho nacional no miradouro, um petisco no Kimbo do Soba mais à noite, só mesmo a
praia deixa saudades de Benguela. Ah, pois, e as ruas mais arranjadas, e aquele ar
mais cosmopolita e o mar, a praia outra vez. Mas o Planalto é o Planalto,
parece que o ar fresco nos faz mais leves, estamos certamente mais perto do
céu, no Lubango. Deve ser por isso que não passo sem uma visita ao Cristo Rei
ou à Senhora do Monte, no fresco da tarde, no alto da montanha.
Serão uvas? Serão cerejas?
Ameixas não são certamente, e as ginjas não são assim... Provei: sabem a
mirangol... Mais doces os mais pequeninos e mais pretinhos, colam-se aos dedos
e à saquinha de plástico onde os catraios os despejaram por meia dúzia de
kwanzas.
Apanham-nos mesmo ali à beira da
estrada, na Humpata, as mão cheias da resina leitosa, oferecidos com aquele entusiasmo
sorridente da infância em cestos redondos de palha entrançada. Claro que
fizemos compota, resistiram bem a dois dias de viagem, a compota ficou
fabulosa! Ficámos clientes do mirangol, frutinho do arbusto omu-nyongolo como li
algures que se chama cá pela banda à Carissa edulis, baguinha simpática
que se dá bem nas altitudes da Huila.
Apanhámos uma aberta na estação
das chuvas, espero que não seja ano de seca: nada no Huambo, nada no Lubango, só umas pingas a meio da manhã, já
na estrada de volta para Norte, como que a dizer que não havias de sair do
Planalto sem te molhares. Para compensar, molhámo-nos antes na praia. Já tinha
referido que Benguela e Lobito estão bons e recomendam-se? É
pena as férias serem sempre curtas e o Lubango não ser já ali ao lado.
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