segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Doce de Mirangolos

Depois de um dia "a ver as vistas" de cortar a respiração, o horizonte limpo de montanhas a perder de vista, a Bibala pequenina lá em baixo aos pés da Tundavala, as curvas da estrada da Serra da Leba com um churrasquinho nacional no miradouro, um petisco no Kimbo do Soba mais à noite, só mesmo a praia deixa saudades de Benguela. Ah, pois, e as ruas mais arranjadas, e aquele ar mais cosmopolita e o mar, a praia outra vez. Mas o Planalto é o Planalto, parece que o ar fresco nos faz mais leves, estamos certamente mais perto do céu, no Lubango. Deve ser por isso que não passo sem uma visita ao Cristo Rei ou à Senhora do Monte, no fresco da tarde, no alto da montanha.

Serão uvas? Serão cerejas? Ameixas não são certamente, e as ginjas não são assim... Provei: sabem a mirangol... Mais doces os mais pequeninos e mais pretinhos, colam-se aos dedos e à saquinha de plástico onde os catraios os despejaram por meia dúzia de kwanzas.
Apanham-nos mesmo ali à beira da estrada, na Humpata, as mão cheias da resina leitosa, oferecidos com aquele entusiasmo sorridente da infância em cestos redondos de palha entrançada. Claro que fizemos compota, resistiram bem a dois dias de viagem, a compota ficou fabulosa! Ficámos clientes do mirangol,  frutinho do arbusto omu-nyongolo como li algures que se chama cá pela banda à Carissa edulis, baguinha simpática que se dá bem nas altitudes da Huila.
                                                                                                    

Apanhámos uma aberta na estação das chuvas, espero que não seja ano de seca: nada no Huambo, nada no Lubango, só umas pingas a meio da manhã, já na estrada de volta para Norte, como que a dizer que não havias de sair do Planalto sem te molhares. Para compensar, molhámo-nos antes na praia. Já tinha referido que Benguela e Lobito estão bons e recomendam-se? É pena as férias serem sempre curtas e o Lubango não ser já ali ao lado.

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