terça-feira, 6 de maio de 2014

Cinco de Mayo

Ontem como hoje, a emigração é uma alternativa às más condições de vida no país de origem. Um dia, Maximiliano foi convidado a emigrar. Sem guita para acabar o castelito de Trieste onde já tinha empatado o dote da esposa, casamento de conveniência para sacar algum ao pai dela, rico belga, por acaso Rei, ele aceitou. Em Trieste tinha vice-reinado uns tempos ao sabor dos poderosos da época, que, para se verem livres dele, o convenceram que seria uma boa promoção ir governar o México. Durou pouco a aventura, a coisa correu mal, os mexicanos afinal não precisavam de um salvador austro-hungaro-afrancesado; não conseguiu sequer aquecer o lugar imperial por tempo suficiente para pedir ajuda ao primo e vizinho Pedro (o segundo, só do Brasil), e foi fuzilado pelos mexicanos em 1867.

Os norte-americanos gostam muito do "Cinco de Mayo". Consta que a vitória comemorada nesse dia de 1862, dos mexicanos em Puebla frente aos franceses de Napoleão III, embora mais moralizadora que eficaz para os mexicanos, foi decisiva para os vizinhos do Norte. Em plena guerra civil norte-americana, a vitória em Puebla cortou por um ano os abastecimentos franceses ao exército dos confederados do Sul, abrindo caminho à vitória decisiva dos unionistas, levando-os a vencer a guerra da secessão em 1865. Não admira que os norte-americanos celebrem o princípio do fim do conflito, que, por acaso, originou a criação do maior exército do mundo na altura, uma sina de que os americanos não se livram ainda hoje. 
Entretanto, falhada que tinha sido cinquenta anos antes a possibilidade de consolidar uma estância de férias duradoura no Algarve (já famoso por causa das conquilhas do Conde de Lippe), os franceses não desistiam facilmente de adquirir uma colónia exótica algures; assim, em 1864 voltaram em força a bater no México, onde puseram o Maximiliano a servir de imperador. Só que os vizinhos protestantes do Norte, entretanto, tinham parado de se matar sistematicamente uns aos outros e, como não tinham mais nada que fazer, resolveram cascar nos franceses, via Benito Juarez, católico presidente, dando origem a um mito urbano em Lisboa, à volta da estátua do D. Pedro IV no Rossio. Pois é, esta estátua teria sido encomendada aos mesmos artistas que tinham produzido recentemente uma estátua do Imperador Maximiliano I do México, e que, por motivo de força maior, já não fazia falta a ninguém. Assim, numa atitude perfeitamente ecológica, a fundição reciclou o Maximiliano e fundiu o Dom Pedro IV por volta de 1870. Sempre ouvi esta história, mais ou menos assim desde pequeno e, claro que não tenho meios ou vontade de esgravatar a veracidade da coisa. Certo é que ambos foram europeus, vagamente aparentados, e imperadores na América do Sul. De qualquer forma, quase a trinta metros de altura, nem se lhe vê a cara, nem seriam de estranhar alguns traços de família. E o Rossio está fixe, depois do restauro recente. Ah, pois, na CPLP também se comemora a 5/5 o " Dia da Cultura Portuguesa". Ia-me esquecendo.

Sem comentários:

Enviar um comentário