
Maré baixa. São engraçados os caranguejos. Fogem de nós na areia molhada, à beirinha da água. Uns fogem para o lado de cima da praia, outros fogem para o lado do mar, são engraçados a andar de lado com os olhitos salientes, a fugir apressados (espertinhos, nunca fogem à nossa frente ao longo da praia!) Os que fogem para o mar param na rebentação, parece que não querem molhar o pézinho... Uma rebentação de poucos milímetros, valha a verdade. A baía é a calma personificada: um par de “ressorts” a meio, com chapelinhos de palha e espreguiçadeiras à frente do restaurante-bar; lá atrás a caminho da estrada, uns “bungalows”. Um pouco mais a Norte fica a aldeia de pescadores de onde vem o linguado, a garoupa, o mero, a corvina, o cherne, ou o de nome mais exótico cacusso, o camarão, a gamba, a lagosta, que se podem almoçar nos restaurantes. Do lado Sul da baia, fica o Cabo Ledo.
É a época baixa para a praia. Cacimbo matinal, mas às onze horas está um lindo dia de praia; para os padrões locais é “inverno”, a água já não passa dos 22 graus, a temperatura do ar não passa dos 28, (tomara que lá na terra o mau tempo fossse assim!) A meio caminho do cabo, atravessa-se o rio Kwanza, junto à foz. Há ali um estaurante “do sul-africano” e um ancoradouro de onde sai um barco-restaurante por volta das nove horas, com tempo para subir o rio e os turistas almoçarem com vista para os crocodilos. O rio é caudaloso, selva nas margens, ilhas de jacintos transportados na corrente. O leito de cheia é uma espécie de savana verdejante conhecida pelo vale dos leões. Leões, já não há. Nos últimos anos da guerra comeu-se toda a gazela, a zebra, a palanca et all, os leões mudaram-se ou extinguiram-se, bem como os leopardos, os elefantes e as girafas. Ficaram os imbondeiros, aqui baixos e de diâmetros impressionantes, os cactos gigantes, a estrada, a ponte, as lombas na estrada antes e depois da ponte, a portagem, a polícia a pesar os camiões (limite na ponte: 30 toneladas observadas religiosamente, salvo gasosa), os camiões e os turistas de carro. Ah, sim, há um par de aldeias irrelevantes, e aquela paisagem soberba.
Pouca gente, pouco movimento: consegue-se voltar para Luanda ao fim da tarde sem a fila de vários quilómetros (e várias horas) dos Domingos de Verão, o trânsito hoje está fofo. Felizmente é época baixa.
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