sexta-feira, 13 de maio de 2011

A caminho do emprego


No Bié-planalto-central e daí até à costa, à grande cidade do Lobito-Catumbela-Benguela, há muitos povoados e há sempre muita gente a caminhar entre os povoados. No máximo a cada quatro ou cinco quilómetros há uma povoação; umas vezes pequenina, meia dúzia de casas, outras vezes são quase-cidades, com filiais dos bancos, posto de combustível, posto da polícia. E muita gente, andando entre as vilas e as aldeias transportando às costas, à cabeça, de bicicleta ou de trotineta, cana de açúcar, toco de árvore, saco de carvão, alguidar de fruta.
Em cada povoado, mulheres a vender à beira da estrada: galinha “dos-mil cada”, montinhos de batata, banana, banana-pão, pimento, couve, farinha para funje, tomate, ginguenga, ananás “isto tudo (6) por mil”, abacate, ginguba, mamão, mais as mukua dos imbondeiro, estas a menor altitude a caminho da costa. As mulheres na venda ou carregando tudo, as crianças aos bandos, caminhando de um lado para o outro à beira da estrada.

Ah, e os homem, então? Conduzem as motoreta, lavam as motoreta no rio, juntam-se à volta de umas cervejinha, no largo, à sombra, em frente à sede regional do partido. E, segundo me asseguraram, conduzem o carro de bois, lavram, cavam, cortam cana vão até ao rio pescar. E conversam numa sombra à entrada da aldeia, discutem a sua vida, voltam a lavar a motoreta ou o carro e a beber umas cervejas. Outros são guardas, “seguranças”, polícias, “agentes”, militares, ou uma infinidade de outros lugares dependentes do governo, que um país com tendência para a descentralização carece de uma multidão de funcionários públicos (haja petróleo). Mulher empregada, pouco há na província; afinal, como poderia cuidar dos filho e ir no emprego ao mesmo tempo?

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