quarta-feira, 27 de abril de 2011

Feriados

Estão “recenseadas” mais de 300 seitas, igrejas ou religiões em Angola (1000 segundo a Wikipedia...) a maioria das quais cristãs. O Estado não se mete nisso, a sexta-feira santa, por exemplo, oficialmente não é feriado; mas ninguém trabalha. Como noutros paises ditos civilizados, se o feriado calhar a um Domingo, passa para segunda-feira, se for ao sábado, passa para sexta-feira. E há muitos feriados em Angola .

Também há frequentemente dignatários da igreja no hotel, com comitiva e batedor da polícia à porta; não é que faça falta para abrir caminho, Huambo não tem trânsito, mas o estatuto claramente obriga. São de vários paises, pesco algum palavreado traduzido do francês e uma conversa em inglês. O dono do hotel é metodista, tem acordos com a igreja, esclarecem-nos gratuitamente na recepção.

Um dia destes, na Semana Santa, a comitiva incluia uma carrinha cheia de meninos todos vestidos de camisinha branca, e com um balãozinho azul na ponta de um pausinho... Ficam giros os catraios, muito pretinhos, com os fatinhos... E as catraias, cheias de missangas nas trancinhas. Este povo gosta de se enfeitar e é naturalmente bem-disposto, musica por todo o lado, abundam as lojas de aparelhagem sonora e instrumentos musicais. Creio que me estou a referir com alguma especificidade aos Ovimbundu do planalto central, tanto quanto posso perceber são um dos vários “casos à parte” das etnias que salpicam Angola, desde o Norte tropical aos povoados da Serra das Neves (como o próprio nome indica...) mais a Sul, uma caldeirada de culturas e de “linguas nacionais” que os portugueses (entre outros) foram misturando, explorando, apoiando ao sabor do comércio, trucidando conforme as conveniências do comércio. A colonização e a partilha da África no século XIX podem-se sempre ver dos dois lados se quisermos. O povo angolano é demasiado jovem para ter passado pela fase colonial (passou por uma guerra civil, isso sim, e bem mal passou) a grande maioria só sabe do “peso da colonização” pelos livros da escola. Como eu, afinal; quando comecei a perceber o que eram as colónias, já não havia...

Há uma coisa a que não me consigo habituar: amendoim aqui é ginguba. Que raio, não sei porquê, não soa.

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