Começou por uma coisa de nada: estava-se a lavar a loiça do almoço, num momento havia água, a seguir não corria nem pinga. Verificações habituais, o depósito tem água, liga-desliga a bomba, a luz vermelha sempre acesa não é bom. Lá pifou a bomba (outra vez). Não fosse ser um Sábado, e a coisa começava a resolver-se logo logo... Segunda-feira, dia perdido com o canalizador; terça-feira, toca a comprar um monte de peças e a reparar a coisa. Apenas um fiozinho de água, mal dava para ligar o duche, mas enfim, funcionava outra vez, agora com um balão azul novinho em folha, e um monte de garrafões de água de reserva em casa, pelo sim e pelo não.
Depois, o fiozinho de água foi sumindo, sumindo, e tornou o duche impraticável, não subia água "nos mínimos" para as necessidades: nova ronda de canalizador, aprendizes de canalizador, tentativas de espécie de aprendiz de canalizador e, uma semana depois, desentupidos os canos, os filtros, removida uma torneira de plástico irremediavelmente estragada, repostos alguns troços de canalização "selados" com saco de plástico (não tinha linho, chefe!), volta a água aos mínimos, encher o balão de ar são precisos dois dias (na gasolineira não tem compressor, patrão! Tem de ir a...não sei onde, que o dos pneus não tem manómetro, tenho medo de encher demais...). Entretanto faltou a água da rede, comprar água, encher o depósito. Passou mais uma semana nisto, e pifou outra vez, a electro-bomba ficou temperamental, nem com o balão vermelho emprestado e cheio de ar a água sobe, liga-desliga-liga outra vez e só sai um gorgolejo de água e ar quando lhe apetece (veja, chefe! na união devia ter um "ring", o outro pôs saco de plástico, assim a água não passa!). Tira filtro, sai terra dos canos, mais outra semana nisto, dias perdidos à espera, vem outro canalizador (a sério), liga, desliga, desatarracha, religa, desentope, agora é mesmo o resto da electro-bomba, finou-se, venha outra.
Mudei de casa antes da nova electro-bomba ser instalada, sem água não dava mesmo. Fomos para a "guéstause" asseada de um amigo de um amigo, serviço impecável com pequeno-almoço incluído, água com pressão de novo...
Novo dia, novo episódio da saga: duche matinal, a misturadora salta da parede, susto, desatino, de um buraco jorra água a ferver, do outro água fria (eu disse que tinha pressão, não disse?) casa de banho inundada instantaneamente, quarto meio inundado antes do "jovem" lá em baixo acorrer ao pedido gritado da varanda e desligar a bomba de água do prédio; encontrar a torneira de segurança, religar a electro-bomba, não fosse ser um Sábado, e a coisa começava a resolver-se logo logo... Segunda-feira, pelo menos, alguém vai resolver "o assunto", não eu. Na guest-house há mais casas de banho, por aí safamo-nos, a água tem (muita) pressão, espero que não salte mais nada da parede por estes dias. Queremos ir de férias, nem que fosse só por estas últimas semanas, precisamos de férias!
Entretanto, "lá em casa", electro-bomba nova, água com pressão, sem filtros (falta um "ring" aqui chefe, a água sai, desmontei outra vez), não há pachorra, os filtros e as outras peças que sobraram ficam na varanda. Fui. Não quero sequer pensar muito nos 3/4 da população de Luanda e arredores que passa a vida a aturar estas coisinhas do dia-a-dia, e a luz que falta, o táxi que aumenta, e o lixo, e o gerador, e o dinheiro que falta, e a avaria do carro e...
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