
Adsinjo, Burgetas, Caria, Casal, Cruzeiro, Lourosa, Malurdo, Moçâmedes, Outeiro, Roda, Vila Pouca, Vilar: são estes os sítios todos, os povoados ou lugares, as aldeias da freguesia de S. Miguel do Mato perdidas nos catrafunhos da Beira, nos confins do concelho de Vouzela, num Sabedeus Qualquer das Berças Interiores do Distrito de Viseu. Em tempos idos, uma delas emprestava o nome ao título de Barão de um senhor D. José de Almeida e Vasconcelos de Soveral de Carvalho, que de 1772 a 1778 foi Governador da Capitania de Goiás e Capitão-General Encarregado da Escravização dos Índios Kaiapós, numa aldeia perdida algures pelos catrafunhos remotos dos confins das berças interiores do Norte do Brasil. Este Fidalgo Conselheiro de Sua Majestade mudou-se depois para São Paulo de Loanda onde foi Governador Geral de Angola, tendo mandado em 1785 duas famosas expedições por terra e por mar, capitaneadas por Gregório José Mendes e Luís Cândido Pinheiro Furtado, com o intuito de desenvolver e melhor explorar a Angra do Negro, nessa altura um povoado perdido nos confins dos catrafunhos do deserto recôndito das extremas do Sul da Colónia de Angola.
Ora esse senhor, enquanto andou por terras de Vera Cruz e pelas Áfricas (sempre achei que havia mais de uma), para além de alcaide-mor de Barcelos e comendador de Manteigas era Barão de Moçâmedes, título que foi sendo sucessivamente usado para batizar cidades remotas para trás do Sol Posto onde o diabo perdeu as botas. Provavelmente haveria uma Moçâmedes na Mongólia se ele tivesse ido para aqueles lados em vez de se ter "reformado" como Visconde da Lapa por volta de 1805. Hoje em dia, graças a uma revolução, restam duas, a Mossâmedes de Goiás e a original Moçâmedes de Viseu.

Tanto me têm falado da Extinta-Moçâmedes-Agora-Namibe, que eu não podia deixar de ir lá dar uma voltinha, nem que fosse só para as ver, às
Welwitschias Mirabilis espalmadas no chão de barro, areia e seixo rolado, no princípio do Deserto Espantoso do Sul.
A comuna do Namibe tem (mais uma) baía linda, com um porto que é o terceiro de Angola; mais para o Sul, mesmo na portela do deserto, fica a Tômbwa (o antigo Porto Alexandre), com uma (mais outra) baía linda e extensa restinga, vila de pescadores, de sardinhas e de conservas, tudo à volta é deserto mesmo. E nesse deserto, há uns tufinhos de plantas verdes extraordinárias, e vive gente provavelmente ainda mais extraordinária. Tenho de voltar para ver o resto, quem sabe se para umas feriazitas que estas províncias prometem.
Sem comentários:
Enviar um comentário