segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Buédevala

A queijaria na ExpoHuila
Costuma dizer-se das ruas esburacadas que parecem um queijo suíço. A referência deve ser o queijo de Emmental, de concavidades grandes e famosas. Há outros que têm buraquinhos mais pequeninos, como a variante do Cheddar que se faz "da Ilha" nos Açores. Claro, conforme a região, as coisas variam: pão com olhos, queijo sem olhos, os "buraquinhos" no queijo significam massa mal trabalhada, deficiências no coalho ou cura incompleta, tanto no caso do Queijo da Serra, do Brie,  ou dos queijos "tipo Raclette" ou "tipo Gouda" ou "tipo Tilsit" da queijaria Serra N'tandavala do Lubango. E ainda têm um "tipo Edam" afinado por 3 meses não se envergonha ao lado do original ou de qualquer Parmiggiano ou equivalente de pasta dura e aroma intenso. Uma agradável surpresa, produzida no planalto a partir da experiência de um mestre suíço.
Mais parecida com o Emmentaler é a estrada de Benguela para a Baia Azul; o que vale é que a praia compensa. Há muitas assim, por essa N'gola afora, praias fixes e estradas esburacadas. A associação com a Fenda da Tundavala era inevitável: para além dos buracos, nesta província também florescem as valas; são (muito mais) pequeninas que a da Huíla, mas por outro lado, são mesmo muitas muitas mais…

A Fenda da Tundavala "2"
Elas "nascem" absolutamente perpendiculares às vias. Direitinhas, de margens paralelas. Umas cheias de areia e fundo arredondado suave, outras de margens abruptas e bordos agressivos, outras ainda eriçadas de pedras, outras parecem degraus de alcatrão. Recortadas na areia, na terra batida, na gravilha, no alcatrão, as valas Lobitangas dão-se bem em todos os "meios", em avenidas, auto-estradas, ruas, ruelas estradas, picadas e becos; umas largas outras estreitas, umas mais fundas, outras quase imperceptíveis, outras com potencial para partir amortecedores e jantes da viatura se forem cruzadas distraidamente à velocidade regulamentar. Têm uma vantagem, todavia: como não há praticamente nenhuma via isenta de valas aleatoriamente disseminadas pelo seu curso, o trânsito nunca circula em grandes velocidades dentro da malha urbana.
Foz do Kwanza
Num outro detalhe de curiosa gestão urbana, quem sabe se para compensar as valas, também plantaram lombas com fartura, principalmente nas estradas de acesso à cidade. Geralmente lisinhas de alcatrão, geralmente também altas como um raio, tem mesmo de se parar, subir e descer devagarinho. Neste "campeonato", apesar de a cidade do Lobito em particular e a província de Benguela na generalidade estarem bem servidas de lombas diversas, o lugar do topo vai indiscutivelmente para a sucessão de lombas dos dois lados da ponte que atravessa o Rio Kwanza junto à foz: estas têm de ser "escaladas" mesmo. Só visto.  

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