tag:blogger.com,1999:blog-27316569530245896912024-03-13T01:45:36.574+00:00@N'GOLAHistórias de viagem.JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.comBlogger154125tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-26591879988101317452017-04-25T14:48:00.002+01:002017-04-25T14:50:47.524+01:00Vinte e Cinco de Abril. Sempre.Como tinha dito no final de Dezembro passado, fui.<br />
Não sei quando volto, ou mesmo se volto; não sou muito esquisito, podem ser €€, $$ ou mesmo ££, mas sem guita reutilizável no resto do Mundo, não é fácil continuar a trabalhar em Angola. Nem mesmo para Angola, ou por Angola.<br />
<br />
África é um espanto, as pessoas, o clima, as cores, os sítios. Os países africanos, maioritariamente desenhados a régua e esquadro pelos colonizadores do século XIX, consolidados por interesses de independentistas sustentados pelos colonizadores a seguir na fila e raramente preocupados com as identidades dos povos vizinhos das tribos dos líderes de ocasião, são uma treta. Angola não é excepção, com a devida vénia a todos os angolanos de todos os povos e de todos os partidos sem excepção que querem fazer deste conjunto de pessoas (relativamente pouco) unidas pela língua portuguesa, uma Nação, um Estado de Direito, um País de pleno direito. Oxalá consigam, verdade seja dita, as suas vozes vão-se fazendo ouvir.<br />
<br />
Ontem os portugueses, intercalados de holandeses, franceses e alemães; depois os cubanos e os russos, mais tarde os chineses, os americanos à mistura. O povo angolano nunca se conseguiu libertar das marcas impostas pelos colonizadores, entretém-se com uns "ódios de estimação" alardeados pela propaganda de uso interno, e nunca mais arrebita com a lista de prioridades governamentais a adiar a educação para as calendas gregas. Assim não dará nada de jeito, nunca. Pode ser de propósito, nem é preciso ir à Coreia do Norte, já há muitos anos o nosso "Doutor Oliveira" determinou como estratégia a criação de elites e que o jornal seria suficiente alimento para o povo (e como todo o alimento, deveria ser em controlado, para não causar problemas à "saúde pública"). Pode ser por distracção, pode ser por qualquer outro motivo, mas o resultado será o mesmo: sonegar o acesso à educação mata uma cultura, cria uma maioria de analfabetos sem acesso a nada, que vão para onde lhes disserem, dóceis, desempregados, acéfalos, a viver de expedientes que não fazem honra à sua inteligência nem às suas origens.<br />
<br />
Deve ser efeito das comemorações da Revolução dos Cravos que faz hoje 43 anos que fiquei mais céptico em relação a Angola, mesmo com eleições marcadas e uma expectativa de evolução "na continuidade". A ideia em si é gira, mas não sei se funciona. Provem-no, Angolanos! Em Portugal tivémos um Presidnte Professor Marcelo que apregoou essa ideia, acabou deposto em 25 de Abril de 1974 e morreu exilado no Brasil.<br />
<br />
Hoje, quarenta e três anos depois, uma eternidade, em Portugal temos uma Geringonça Governativa e felizmente um outro Professor Marcelo Presidente a "anos luz" do anterior, uma democracia que, com todos os defeitos que possa ter, vai funcionando: até tem poder local, orçamento participativo nacional, IRS e uma justiça que geralmente funciona, polícias que ajudam a população e não vivem de gasosas. Um espanto.<br />
<br />
Angola? Não sei quando volto, ou mesmo se volto; de momento "estou noutra", embora mantendo os contactos, as ligações, acompanhando as pequenas coisas do dia-a-dia do pequeno mundo que também foi o meu até há tão pouco tempo. Quanto a estes escritos angolanos, salvo alguma memória solta que esteja mesmo a pedir publicação, irão perder a minha atenção frequente e, naturalmente a actualidade. Portanto, fui escrevinhar para outro lado. Para os que teimam em ficar, os meus melhores votos de boa continuação.<br />
<br />
Pergunto ao vento que passa<br />
notícias do meu país<br />
e o vento cala a desgraça<br />
o vento nada me diz.<br />
e o vento cala a desgraça<br />
o vento nada me diz.<br />
<br />
Mas há sempre uma candeia<br />
dentro da própria desgraça<br />
há sempre alguém que semeia<br />
canções no vento que passa.<br />
há sempre alguém que semeia<br />
canções no vento que passa.<br />
<div>
<br /></div>
Mesmo na noite mais triste<br />
em tempo de servidão<br />
há sempre alguém que resiste<br />
há sempre alguém que diz não<br />
há sempre alguém que resiste<br />
há sempre alguém que diz não.<br />
<div>
<br /></div>
<div>
Poema de Manuel Alegre, recordado sempre como o excerto que foi cantado por Adriano Correia de Oliveira.</div>
<br />JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-53184227075277628752016-12-11T17:05:00.000+00:002016-12-11T17:19:24.453+00:00Trivia LuandenseComeçou por uma coisa de nada: estava-se a lavar a loiça do almoço, num momento havia água, a seguir não corria nem pinga. Verificações habituais, o depósito tem água, liga-desliga a bomba, a luz vermelha sempre acesa não é bom. Lá pifou a bomba (outra vez). Não fosse ser um Sábado, e a coisa começava a resolver-se logo logo... Segunda-feira, dia perdido com o canalizador; terça-feira, toca a comprar um monte de peças e a reparar a coisa. Apenas um fiozinho de água, mal dava para ligar o duche, mas enfim, funcionava outra vez, agora com um balão azul novinho em folha, e um monte de garrafões de água de reserva em casa, pelo sim e pelo não.<br />
Depois, o fiozinho de água foi sumindo, sumindo, e tornou o duche impraticável, não subia água "nos mínimos" para as necessidades: nova ronda de canalizador, aprendizes de canalizador, tentativas de espécie de aprendiz de canalizador e, uma semana depois, desentupidos os canos, os filtros, removida uma torneira de plástico irremediavelmente estragada, repostos alguns troços de canalização "selados" com saco de plástico (não tinha linho, chefe!), volta a água aos mínimos, encher o balão de ar são precisos dois dias (na gasolineira não tem compressor, patrão! Tem de ir a...não sei onde, que o dos pneus não tem manómetro, tenho medo de encher demais...). Entretanto faltou a água da rede, comprar água, encher o depósito. Passou mais uma semana nisto, e pifou outra vez, a electro-bomba ficou temperamental, nem com o balão vermelho emprestado e cheio de ar a água sobe, liga-desliga-liga outra vez e só sai um gorgolejo de água e ar quando lhe apetece (veja, chefe! na união devia ter um "ring", o outro pôs saco de plástico, assim a água não passa!). Tira filtro, sai terra dos canos, mais outra semana nisto, dias perdidos à espera, vem outro canalizador (a sério), liga, desliga, desatarracha, religa, desentope, agora é mesmo o resto da electro-bomba, finou-se, venha outra.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-PzK0fglRwvE/WE1UGCLPW6I/AAAAAAAAG2A/HMxVkySzP84jMqhX3wQMVjfWSxd0rgtawCLcB/s1600/DSCF2787_r.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-PzK0fglRwvE/WE1UGCLPW6I/AAAAAAAAG2A/HMxVkySzP84jMqhX3wQMVjfWSxd0rgtawCLcB/s320/DSCF2787_r.jpg" width="238" /></a></div>
<br />
Mudei de casa antes da nova electro-bomba ser instalada, sem água não dava mesmo. Fomos para a "guéstause" asseada de um amigo de um amigo, serviço impecável com pequeno-almoço incluído, água com pressão de novo...<br />
Novo dia, novo episódio da saga: duche matinal, a misturadora salta da parede, susto, desatino, de um buraco jorra água a ferver, do outro água fria (eu disse que tinha pressão, não disse?) casa de banho inundada instantaneamente, quarto meio inundado antes do "jovem" lá em baixo acorrer ao pedido gritado da varanda e desligar a bomba de água do prédio; encontrar a torneira de segurança, religar a electro-bomba, não fosse ser um Sábado, e a coisa começava a resolver-se logo logo... Segunda-feira, pelo menos, alguém vai resolver "o assunto", não eu. Na guest-house há mais casas de banho, por aí safamo-nos, a água tem (muita) pressão, espero que não salte mais nada da parede por estes dias. Queremos ir de férias, nem que fosse só por estas últimas semanas, precisamos de férias!<br />
<br />
Entretanto, "lá em casa", electro-bomba nova, água com pressão, sem filtros (falta um "ring" aqui chefe, a água sai, desmontei outra vez), não há pachorra, os filtros e as outras peças que sobraram ficam na varanda. Fui. Não quero sequer pensar muito nos 3/4 da população de Luanda e arredores que passa a vida a aturar estas coisinhas do dia-a-dia, e a luz que falta, o táxi que aumenta, e o lixo, e o gerador, e o dinheiro que falta, e a avaria do carro e...JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-87198371896516806972016-10-30T22:06:00.004+00:002016-10-30T22:06:57.367+00:00A (não) Mudança da HoraPronto, mudou a hora outra vez na Tuga e nos outros setenta e tal países que alinham no esquema, mais uma horita para dormir a começar no último domingo de Outubro, menos uma horinha preciosa na próxima Primavera. Era bom para poupar carvão há cem anos na Alemanha, ainda é bom para as empresas de energia que "diluem" a hora de ponta da tarde com isto de as pessoas demorarem mais tempo a ligar a luz ao final do dia; mau para tudo o resto, segundo se comenta por aí: perturba o sono, atrapalha os horários das relações internacionais, degrada a disposição para ir trabalhar, ontem já de dia, amanhã sai-se de casa ainda noite. Bem vistas as coisas, já nem usamos velas, nem gastamos assim tanto carvão com a iluminação, em termos de balanço energético gastamos cada vez mais com os transportes (que são à hora do costume e ainda não dependem da quantidade de luz solar) e são cada vez menos as actividades económicas dependentes da luz do Sol para se realizarem. Bem entendido, estou a falar de actividades da economia citadina e industrial humana, de facto dependemos do Sol para tudo e mais alguma coisa, mais do que vulgarmente nos apercebemos, não é?<br />
Os trabalhadores rurais continuarão a começar o dia à primeira luz, às 5, às 6, às 7 ou às 8, em Janeiro uma hora por inteiro, de novo às 7, às 6, às 5 na época de mais trabalho que é o Verão. Nas cidades os transportes é que tendem a depender mais do Sol, não imagino outra coisa senão carros eléctricos e células solares a alimentarem as baterias da próxima geração de automóveis. Imagino que uma causa recorrente para chegar atrasado daqui por uns vinte anos, seja a falta de sol para carregar as baterias do automóvel eléctrico... Talvez volte a fazer sentido entre os trópicos e pólos o ajuste de uma hora de Verão e de Inverno, para ajudar a pontualidade laboral. Entretanto, confesso que nas últimas décadas não encontrei utilidade nenhuma nos ajustes da hora legal. Ainda bem que as "minhas" maquinetas informáticas acertam as horas sozinhas, diz-se-lhes uma vez e pronto, nunca mais nos ralamos com isso. Nos anos 90 do século XX foi bem mais complicado, na Europa variava de país para país, em Portugal variou de ano para ano; a CEE aí unificou alguma coisa, a Europa passou a sincronizar a mudança da hora... com a América. Angola nunca mudou hora, usa o WAT que é igual ao CET (de Inverno), ou UTC +1. Confuso? Pois, a Terra (é) gira.JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-29960414248815870082016-10-17T00:45:00.000+01:002016-10-17T21:45:35.927+01:00Não há milagres económicos<div class="MsoNormal">
Hoje no Vaticano o Papa canonizou cinco beatos, a Igreja Católica tem
assim mais uns santos. Em Portugal saiu o orçamento de Estado para o próximo
ano, com isso ganhámos mais uns impostos. Há coisa de uns dois anos, dois Papas
canonizaram outros <a href="http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2014/documents/papa-francesco_20140427_omelia-canonizzazioni.html" rel="nofollow" target="_blank">dois Papas</a>; pouco depois, o governo de Portugal aumentou o IVA. Para consolação, temos que continua
imbatível o <i>record </i>do nosso Santo António de Lisboa, canonizado apenas um ano
depois de morto, em 1232, ano em que D. Sancho II outorgou três forais no Alto
Alentejo e não consta que tenha aumentado os impostos. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Que resulta disto? Acabaram-se os milagres em Portugal? Vai haver
mais feriados religiosos? O número de santos no Livro do Vaticano é
directamente proporcional ao peso dos impostos em Portugal? Uma dúvida mais ainda me assalta: os portugueses serão mártires do fisco,
ou dos juros da dívida?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Enfim, alguma reflexão terá havido, tal como o Papa antes de
canonizar, o governo reflecte antes de aumentar impostos... reflecte os
interesses do Contabilista Mor, que isto de não haver milagres
económicos só pode ser desígnio divino, do FMI ou do BCE, insondáveis por natureza.</div>
<div class="MsoNormal">
<i><br /></i></div>
<i><br /></i>
<i>Água mole em pedra dura, tanto dá, até que acaba
a água </i>(provérbio angolano? :-)JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-53438202004606722752016-10-14T17:02:00.001+01:002016-10-20T21:24:10.709+01:00Bob Nobel Dylan<div class="MsoNormal">
<a href="https://www.blogger.com/null" name="OLE_LINK9"></a></div>
<div class="MsoNormal">
Ontem faleceu Dario, foi laureado Bob. No mesmo dia em que se fina o Nobel mestre da farsa, da comédia, da sátira e da incongruência subversiva, entra para a galeria da Academia Sueca uma nota de reconhecimento ao tradicionalista arauto da subversão, cantador e criador de poesia popular e comprometida. Pois, isto é um bom pretexto para (re)ler ambos, deixar por momentos o surreal quotidiano de Luanda, deixar espairecer a mente por outros assuntos e outros mundos, gozar de um momento de devaneio, o humor e a poesia são coisas sérias. Faz-me lembrar que há anos que não leio nada de jeito em inglês, a "culpa" deve ser de ter ficado encantado com a tradução de Poe por Pessoa. Situação a rever... Em italiano nunca li nada, só traduzido, mas dada a afinidade, deve ser mais simples não se perder pitada. Lost in translation? Niente perso nella traduzione.</div>
<div class="MsoNormal">
Curiosa a coincidência de terem sido Nobelizados estes contemporâneos, Fo & Dylan, estou curioso em descobrir os seus pontos de abordagem a uma mesma realidade, com meio mundo e um oceano a separá-los, quiçá próximos na força das ideias. De um lado um escritor arquitecto que fez teatro e televisão e compôs canções desconhecidas, do outro lado um compositor e cantor de sucesso incontornável, pintor pouco reconhecido e contestado poeta, quase desconhecido escritor mas que até ganhou um Pulitzer, tal como o Nobel de agora, pelo contributo para a música popular americana.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ontem choveu em Luanda. Bem vistas as coisas, pouco na cidade, bastante à volta da cidade. A estação das chuvas está aí. Nada demais, há um par de semanas ainda nem era chuva a sério, apenas uma chuvinha "assim de se coçar..." mas anunciava a mudança da estação, a poalha fininha assentou algum do pó e fez escorregar os carros na estrada oleada. No outro dia a carga de água foi mais "à séria", notou-se logo na TV: as nuvens carregadas encobrem o satélite e o sinal começa a falhar, sabemos a dimensão da tempestade pelo tempo que ficamos sem televisão. O calor começou a apertar. Vai já estar bom para a praia. A energia está a faltar mais frequentemente. O trânsito aglomera-se nas ruas em obras, Sexta-feira tudo sai cedo, menos os incomodados que não vieram. Sem estresse...<br />
<br />
<i>De onde menos se espera, daí é que não sai nada.</i> (Barão de Itararé)</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-59594036878443334092016-09-15T19:19:00.000+01:002016-10-04T10:29:16.408+01:00Um Bocadinho Mais a Sul (IV)É a Economia, Idiota!<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-opUzQRRFpS4/V9riTA4GRSI/AAAAAAAAGtI/ExRISpzy6R8qZcHtD8gmsnmGNCZDUGcfwCLcB/s1600/DSCF2623_rt.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="247" src="https://3.bp.blogspot.com/-opUzQRRFpS4/V9riTA4GRSI/AAAAAAAAGtI/ExRISpzy6R8qZcHtD8gmsnmGNCZDUGcfwCLcB/s400/DSCF2623_rt.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cape Town, Long Street</td></tr>
</tbody></table>
Sem sentimentos de culpa, pronto, confesso! Consegui endurecer o meu coração e não sentir remorso pela última série de cervejarias, hamburgueres, batatas frita, molho e mais molho, uma sucessão agravada de pils, lager, ale (um espectáculo a CBC pale ale), stout, weiss, e mais cascas de batata fritas, batata doce frita, e... ok, concedo, demasiados fritos, mas só à pressão contei vinte e cinco jolinhas diferentes, difícil ficar indiferente e não "dar uma" de Homer Simpson.<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-eL_XNzZdsrY/V9rbnHks0sI/AAAAAAAAGs8/BwwEUWqQhoUz4VnZW_D3sW_ocli8EWmrgCLcB/s1600/DSCF2232_rt.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://4.bp.blogspot.com/-eL_XNzZdsrY/V9rbnHks0sI/AAAAAAAAGs8/BwwEUWqQhoUz4VnZW_D3sW_ocli8EWmrgCLcB/s320/DSCF2232_rt.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Outra especialidade de Cape Town: Seals On Wheels</td></tr>
</tbody></table>
Bem. convenhamos, para refrescar um quilinho de mexilhões à marinheira, e na generalidade para lubrificar as refeições mais convencionais (terá havido alguma?), a preferência foi para um vinhinho da região. Acho, sinceramente que os tintos sul-africanos estão, como direi, over-rated; sirah, pois, sim, merlot, han han, cabernet sauvignon e tal, mas na Província do Cabo, para mim os melhores têm sido os brancos. E não! não é nenhuma piada racial, refiro-me só aos vinhos mesmo, porque as pessoas são todas de uma simpatia que me assombra, delicia e a que não estou habituado: os capetownians de todas as cores são de outro (lado do) mundo mesmo. Só pode ser de ser o "país do arco-íris"; não sei como é que eles conseguem ser assim fixes e continuar a conduzir sistematicamente em contra-mão... e ainda por cima, não chulam o turista: para um mesmo nível ou padrão de serviços paga-se o mesmo na Long Street, no V&A Waterfront, em Hout Bay, ou em Simon`s Town. Até os <i>souvenirs </i>parecem ter preços tabelados. Recordo com desagrado, por exemplo, a mesma garrafa de vinho de dois euros e meio em Portugal ser oferecida por cinco, quinze ou quarenta, consoante se a beba na Guarda, na Ericeira ou num tasco a armar ao pingarelho em Lisboa ou em Albufeira. Em CT surpreenderam-me a vender no restaurante praticamente ao mesmo preço do supermercado, que é ao mesmo preço da loja do produtor: isto cá para mim é incentivar o turismo, dar segurança ao cidadão, ter política de preços, protecção da cadeia de valor num negócio, fiscalidade ajustada. Aprenda quem deve, usufrua quem puder!<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-ySvR40c89x8/V9rSVYt6ceI/AAAAAAAAGss/M7OQLaKzB54vSW-Vzy34UL125YtLsHInwCLcB/s1600/DSCF2546_rtJPG.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://4.bp.blogspot.com/-ySvR40c89x8/V9rSVYt6ceI/AAAAAAAAGss/M7OQLaKzB54vSW-Vzy34UL125YtLsHInwCLcB/s200/DSCF2546_rtJPG.jpg" width="122" /></a></div>
Uma para "curtir", por falar em fruir; numa cidade "ligada", uma nota bem humorada: "We have no wifi - Talk to each other - Pretend it's 1995" à entrada do VA Foodmarket, recomendável petisqueira multicultural.<br />
Conversar uns com os outros e imaginar que estamos em 1995, pode aplicar-se perfeitamente ao disfuncional e geralmente avariado sistema de entretenimento dos 777 da TAAG. Para consolação ficam os <i>top of the class</i> 86 cm entre bancos da turística, por aí tá-se bem.JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-76241963985550662122016-09-10T22:28:00.000+01:002016-10-04T10:20:54.359+01:00Um Bocadinho Mais a Sul (III)Boa Esperança<br />
<br />
Ventos e correntes trouxeram Bartolomeu Dias à Baía dos Mexilhões, corria o ano de 1488. Na volta para Lisboa desembarcou numa prainha, junto à ponta mais sudoeste de África, e aí deixou erecta uma daquelas colunas de calcário com escudo esculpido e cruz no topo que serviam de lastro à caravela. Terá visto alguns Khoikhoi? E avestruzes, babuinos, dassies, ou os cormorões a esvoaoçar nas falésias? Talvez, mas não sabemos, não deixou escrito que eu saiba; eu vi isso tudo e senti o ar fresco, os cheiros da praia e das algas e vi um Oceano azul profundo, a espuma na crista das ondas, a areia branca, a montanha estranha, estratificada, o céu azul, o outro lado da grande baía para Sul que Bartolomeu de certeza viu, quando por aqui passou até era Verão.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-QhlSev26N2A/V9RtcwXpSZI/AAAAAAAAGrs/OOm7vjTPoSsTIEIDzxR1F3uledW_XWhHgCLcB/s1600/IMG_20160909_143247-1-1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-QhlSev26N2A/V9RtcwXpSZI/AAAAAAAAGrs/OOm7vjTPoSsTIEIDzxR1F3uledW_XWhHgCLcB/s320/IMG_20160909_143247-1-1.jpg" width="239" /></a></div>
Isto de Verão ou Inverno não quer dizer grande coisa em termos de ver as vistas, o célebre tempo instável do Cabo faz passar as quatro estações numa hora; não se pode dizer que do alto do antigo farol de Cape Point não se vêem os dois oceanos por causa da chuva ou da nuvem, basta esperar um quarto de hora, o tempo muda e logo faz sol. Bartolomeu veio de caravela, nós de Hiace, o nosso guia um "coconut" (black on the outside, white on the inside) muito bem informado, deixou-nos uma imagem colorida do que é viver neste país e, muito em particular, na cidade mais rica da região mais desenvolvida. Não foi o primeiro a perguntar-nos como achamos Cape Town comparando com Lisboa, com Luanda: isto vindo de cidadãos de uma cidade que envergonha algumas da Alemanha ou da Holanda, onde a limpeza e a sensibilidade ambiental ombreiam com as da Suíça (felizmente sem a parte da obsessão), só para citar as que conheço e que serviram de modelo ao que aqui se vê... É uma questão delicada, ainda por cima se considerarmos o carinho especial pelos portugueses "the first ones arriving" com a fama mais recente e positiva de não chatearem ninguém, metidos na sua vidinha e mais nada. Barbárie à parte, incomoda pensar se tivessem sido os tugas a instalar-se aqui no século XVI e não os holandeses, como teria evoluído esta sociedade? Haveria pinguins em <a href="http://en.m.wikipedia.org/wiki/Boulders_Beach" rel="nofollow" target="_blank">Boulders Beach</a>?<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-kNy9e1W8-gc/V9roomwi0vI/AAAAAAAAGtU/-CAJ76tiGaM7w7iL75ZQEig4uS1cQPhmACLcB/s1600/DSCF2442_rt.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="250" src="https://1.bp.blogspot.com/-kNy9e1W8-gc/V9roomwi0vI/AAAAAAAAGtU/-CAJ76tiGaM7w7iL75ZQEig4uS1cQPhmACLcB/s400/DSCF2442_rt.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O Cabo da Boa Esperança É Mesmo Ali Atrás Deste Monte De Pedrgulhos</td></tr>
</tbody></table>
<br />JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-58814511758362329972016-09-08T23:17:00.001+01:002016-09-10T08:27:33.566+01:00Um Bocadinho Mais a Sul (II)A Montanha e a Mesa<br />
<br />
Frutado, não, muito frutado; aromas de manga, ananás, maracujá, kiwi, um toque de baunilha (da pipa de carvalho francês de grão médio, tosta ligeira, em segundo ou terceiro uso). Ah, sim, cor palha clara, limpido, perfeito. Fresco, um sabor que envolve, um fim de boca ligeiramente amadeirado, com um toque de alperce que perdura agradavelmente. Liga muito bem com o chocolate branco com uma raspinha de lima e alperce, uma agradável combinação e uma agradável surpresa, provar vinhos e chocolates escolhidos a condizer. O chardonay descrito e os outros vinhos todos, todos bons tirando alguns que eram excelentes, proporcionaram-nos um dia bem passado, na mais antiga região vinhateira do Cabo logo atrás da Table Mountain; a Sétima Maravilha da Natureza, a cidade servida a seus pés. Vistas soberbas, mais nuvem menos nuvem, o teleférico leva-nos ao topo dos seus mil e tal metros em 5 minutos panorâmicos, cuidado com os <a href="http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Hyracoidea" rel="nofollow" target="_blank">dassies</a>, têm um ar de hamster fofinho e fazem companhia ao almoço, mas podem morder. A montanha omnipresente, transforma o clima imprevisível da península em algo parecido com a lotaria, ontem sol, tarde calma, amenidades de fim de estação, hoje vento frio e uma carga de água, anoitecer frio de rachar. Nada que impeça a oferta turística, o trânsito caótico da hora de ponta, as várias "mecas" comerciais, a exuberante oferta gastronómica, afinal o clima único é o que define uma flora única numa região única, até para algumas infestantes como o pinheiro e a vitis vinifera... Ah, talvez seja isso tudo que ajuda a criar pessoas únicas, para o bem ou para o mal, esta terra também nisso tem sido fértil, de Klerk, Tutu, Mandela, só para lembrar alguns deste nosso tempo.<br />
Já tinha referido que a montanha, esta tal Tafelberg, é a sétima maravilha?<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-7c7eo75hNHI/V9HTKl_6DpI/AAAAAAAAGos/fmKRc7SEiJ8ONRjW8a_xnFizsSdTjhA_wCPcB/s1600/20160907_132947.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://3.bp.blogspot.com/-7c7eo75hNHI/V9HTKl_6DpI/AAAAAAAAGos/fmKRc7SEiJ8ONRjW8a_xnFizsSdTjhA_wCPcB/s400/20160907_132947.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lion's Head, uma sombrinha da Robben Island e a Cidade, vistos da Mesa... </td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-74075882701696731972016-09-06T18:52:00.000+01:002016-10-04T10:14:10.945+01:00Um Bocadinho Mais a Sul (I)Ao Fim e ao Cabo<br />
<br />
Claramente há um "lado B" nesta Cape Town. Como em qualquer outra cidade. Logo à chegada o "tour" de avião sobrevoando os arredores e a baía a baixa altitude até ao alinhamento com o aeroporto, deixam perceber as diferentes texturas dos bairros e povoados, naturalmente habitadas por camadas de população bem diferenciadas.<br />
Deambular pelas ruas do "lado A", pelo centro histórico, tem laivos de Holanda, ares da América dos arranha-céus, a marca britânica da condução pela esquerda, os passeios de tijolo vermelho, um profundo toque africano nas cores, nas gentes, na afabilidade do trato. Uma mistura única, genuína, enquadrada pela montanha estranha, pela baía, o porto, ah, e o Mar! Ou melhor, os mares, sempre ouvi dizer que há uma porção deles, aqui consta que se juntam dois oceanos e tudo...<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-6PM3gXvsGas/V874-yFOQNI/AAAAAAAAGlo/fjn3LtA-RK0E-37n0yCXuuQt7K7eb9CTACPcB/s1600/IMG_20160905_171401_r.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://3.bp.blogspot.com/-6PM3gXvsGas/V874-yFOQNI/AAAAAAAAGlo/fjn3LtA-RK0E-37n0yCXuuQt7K7eb9CTACPcB/s320/IMG_20160905_171401_r.jpg" width="320" /></a></div>
Um dia destes vamos ao cabo, o propriamente dito, das tormentas da boa esperança. Por ora, para esquecer os (muitos e variados e adesivos) pedintes que nos topam à légua na nossa fé de turistas, nada como um bom par de exemplos de cozinha nacional, imbuidos como tudo o resto da misturada multinacional bem arreigada cá pela banda. E ainda por cima, por um preço bem em conta, sinais por todo o lado de uma economia bem viva, numa cidade limpa onde se está bem. Andava a precisar de mudar de ares, um sopro de civilização faz bem de vez em quando.<br />
<br />JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-18616264854797434602016-09-05T21:17:00.002+01:002016-09-08T21:23:53.933+01:00Um Bocadinho Mais a SulViajar é Preciso<br />
<br />
A senhora pediu "um galão sem café". A confusão foi generalizada: o aparentemente óbvio copo de leite afinal não era: foram precisas várias iterações, dois empregados e vários minutos de explicações (e a fila de gente à espera aumentando), para sair uma "bica" à parte, capaz de garantir a dosagem delicada de café exigida pela dama. E eu que julgava que os espanhóis é que eram esquisitos na hora de pedir café... Enfim, nada que não se resolva, mesmo que seja no igualmente delicado equilíbrio do "sistema de navegação" do 777 cuja reparação custou uma horita de atraso na descolagem para Cape Town com toda a gente já de cintos apertados e a tripulação em posição de take off. Vendo bem, quero lá saber, durante os próximos dias não quero saber de horários, chegou hoje, chegámos a horas ao Quatro de Fevereiro, chegámos à Cidade do Cabo à hora a que calhou e foi bem a tempo. Por falar em tempo, está fresco, a Table Mountain coberta de nuvens, a Lion's Head é tal e qual como vem nos folhetos turísticos e sítios promocionais, muito trânsito ao contrário (não sei se é desta que me arriscou a alugar carro, estou de férias, caramba! não me apetece (re)aprender a conduzir).<br />
A primeira "turistice" após um simpático e acolhedor check -in no apartotel ao pé do porto, foi para uns petiscos e umas canecas num pub ali ao lado, vá lá uma pessoa saber como estas coisas acontecem, chamado Vasco da Gama. Nem sei como é que os madeirenses se terão lembrado de tal coisa. Primeira amostra da cena multicultural da cidade, amanhã vermos mais, espera-se que não chova.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-y5RXMSr8fAE/V83NX_f8ohI/AAAAAAAAGkE/0a8iLfPq1vIxpQH7QFDh5vTzJ6ygAd6LgCPcB/s1600/Screenshot_2016-09-05-19-46-26.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="120" src="https://4.bp.blogspot.com/-y5RXMSr8fAE/V83NX_f8ohI/AAAAAAAAGkE/0a8iLfPq1vIxpQH7QFDh5vTzJ6ygAd6LgCPcB/s200/Screenshot_2016-09-05-19-46-26.jpg" width="200" /></a></div>
<a href="https://www.blogger.com/"></a><br />JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-53936483128327430462016-08-28T15:24:00.000+01:002016-08-28T15:24:00.495+01:00Produtos da Ocasião<div class="MsoNormal">
A sazonalidade dos produtos da terra nas latitudes mais temperadas, aqui não se aplica; ainda me surpreende a naturalidade com que frutas e legumes
ocorrem durante o ano todo. Aqui não há efectivamente muitos frutos da estação,
diria que há mais frutos da oportunidade (em encontrá-los na cidade). Ah, sim,
está a começar a estação do loengo, alguns frutos afinal (ainda) são sazonais,
não são como os agriões daquela marca inglesa que há todo o ano, se não vierem
daqui vêm dali, onde houver oportunidade de os fazer crescer, independentemente
da estação do ano "aparecem" diariamente na prateleira do
supermercado. Mas esses não são desta história; se falarmos de fruta importada,
à volta do Mundo haverá sempre um canto qualquer onde as tangerinas ou os
melões estão maduros e a caminho de Luanda. Até aqui, a salsa, o agrião e o
alecrim "de marca" aparecem a concorrer com as ervas produzidas no
país, que se dão durante o ano todo, assim haja oportunidade de importá-las
para a Capital do Grande Consumo.</div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
Pode-se mesmo falar das oportunidades ao longo do ano, o conceito
de produto da estação na generalidade não se aplica: hoje não há batata doce,
mas há laranjas com fartura, há também tomate, mas não vejo pimento há algum
tempo, não é época nem de umas nem de outras, aqui por estas bandas ambas se
dão praticamente em qualquer época do ano. Só não há batata doce porque não
calhou, falhou o transporte, as estradas nos Kwanzas estão uma lástima neste
final de estação. Quase catorze horas para chegar do Kuito a Luanda pelo Sumbe,
nada recomendável o percurso pelo Waco Kungo e o Dondo, está pouco menos que intransitável, no ano passado ainda funcionava, vai ser lindo daqui a pouco quando começar a estação das chuvas. Em sentido
contrário, está cada vez mais difícil arranjar alguns produtos nas províncias,
como dinheiro no Multicaixa: filas e filas nos poucos activos que se encontram,
muita procura, poucas notas. Disseram-me que está difícil e caríssimo
transportar as notas de Luanda, portanto viajar só com "plástico" no
bolso ficou constatado que é mais difícil. Voltando às frutas e legumes, pode
ser que haja aqui uma oportunidade para a banana de Benguela ou para a batata doce de Cabinda, sempre podem chegar
a Luanda de barco.</div>
JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-54747505601313865412016-08-17T19:29:00.000+01:002016-09-06T20:23:44.687+01:00Época (mais) Baixa <div class="MsoNormal">
Apesar de ser época baixa, um dia destes fomos à praia. Isto
visto de Luanda quer dizer algo como virar ali ao pé do aeroporto para o Rocha
Pinto, antes do Futungo de Belas parar e beber um café, continuar calmamente para Sul, atestar
o depósito e comprar água na terceira bomba de combustível dos Ramiros; depois,
é só descer e virar à direita 405 Km antes do Lobito, descer a estrada de terra
e estacionar debaixo de umas acácias ao lado do restaurante. Ao lado da praia.
Estação seca e amena, vá lá, pronto, fria de 18ºC à noite, férias escolares,
trânsito nulo, água fria ("gilada" para os padrões locais, mas melhor
que a minha mais recente memória da Caparica no pino do Verão), temperatura
amena, dá para ficar ao Sol sem medo de escaldão. Um peixinho e uns mexilhões para
o almoço, pausa refrescante para adquirir uma mão cheia de quitetas e umas
lagostinhas e metê-las na geleira, nada como andar prevenido com o
"hardware" adequado, dúzia e meia de tamanhinho aceitável por
qualquer coisa como 32,21€ ao câmbio oficial. Ou completamente dadas: segundo consta
"o Kwanza não vale nada", a moeda, bem entendido, não o rio nem a
Província que esses valem e muito, portanto as lagostas custaram nada. Mas quem
sou eu para perceber alguma coisa de política monetária e cambial, só sei que
os €€ teimam em não aparecer, os Kwanzas vão aparecendo, antes comê-los que
perdê-los, como diz o outro. A propósito, em 1926 foi criado (a 14 de Agosto em
Lisboa...) o Banco de Angola. Foi há 90 anos eu faço a conta, a quantidade de
coisas que aconteceram nesse ano que nos influenciaram a vida fazem pensar: nasceram
Fidel Castro, em época de prosperidade num "protectorado" dos Estados
Unidos, Isabel II de Inglaterra, poucos dias antes de um estado de emergência por causa da greve
geral, a minha mãe e a minha sogra, em ano de revoltas e de ditadura militar. São
coisas que valem o que valem, mas sem elas não estaríamos aqui a partilhar
estas linhas...</div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-EJ6mzRO64RE/V7Sr-6mXpxI/AAAAAAAAGiY/TaM8YW-VePAn4Dj45yctwjM2m5Gmq1_HQCLcB/s1600/Banco%2Bde%2BAngola_2006_2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="152" src="https://1.bp.blogspot.com/-EJ6mzRO64RE/V7Sr-6mXpxI/AAAAAAAAGiY/TaM8YW-VePAn4Dj45yctwjM2m5Gmq1_HQCLcB/s200/Banco%2Bde%2BAngola_2006_2.jpg" width="200" /></a>O tomati e a cibola não subiram de preço, o monti di quinhento
é que está mais pequeno; o resto também está tudo mais caro. Desde a última
desvalorização da moeda precedida pelo aumento dos combustíveis, não se esconde
o aumento de tudo e a crescente dificuldade em por comida na mesa, a construção
(no) do país marca passo. Época baixa.</div>
JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-83716985048628965982016-07-26T13:13:00.001+01:002016-07-26T17:35:09.600+01:0024 de Julho (outra vez, já?)<div class="MsoNormal">
Acabados de chegar à Cova da Piedade a 23 de Julho, em marchas forçadas desde o
Algarve, apesar de extenuados fizeram frente e venceram os miguelistas que eram em maior número. Muita
desinformação fizera crer aos absolutistas chegados de Lisboa que
iriam defrontar um grande exército, e na <a href="https://almada-virtual-museum.blogspot.com/2014/05/batalha-da-cova-da-piedade-23-de-julho.html" rel="nofollow" target="_blank">batalha que se seguiu</a> na estrada de Corroios para Almada, no meio das vinhas e cearas da Cova da Piedade, muitos do exército absolutista se renderam ou mudaram de campo. No final do dia, o General Teles Jordão foi
morto e o Castelo de Almada capitulou. <i>(A Maria vai para Santa Maria ter a criança, é bom, é tudo
moderno. Vai ser bem tratada, não te preocupes: eu estarei lá de serviço)</i>. Noite quente de verão, os
homens do Marechal António de Noronha, Duque de Terceira, acamparam junto ao
areal de Cacilhas, os fogos da guarnição na Outra Banda são bem visíveis de
Lisboa, na claridade difusa da Lua em quarto crescente. O exército
liberal recobra da batalha e preparara-se para atravessar o Tejo e tomar Lisboa no dia
seguinte. <br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-hH752nNQk2g/V5dKOJ3UOJI/AAAAAAAAGhU/El3_6QLoEI0Xh_cQJwzxwU87ZCJd7AFLgCLcB/s1600/Praia%2Bde%2BCacilhas%2B00.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="158" src="https://4.bp.blogspot.com/-hH752nNQk2g/V5dKOJ3UOJI/AAAAAAAAGhU/El3_6QLoEI0Xh_cQJwzxwU87ZCJd7AFLgCLcB/s320/Praia%2Bde%2BCacilhas%2B00.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div class="MsoCaption">
Charles Henry Seaforth (1801-1854) - Lisboa vista de Cacilhas</div>
<div class="MsoCaption">
<o:p></o:p></div>
</td></tr>
</tbody></table>
O cacilheiro da Transtejo para o Cais do Sodré demora dez minutos. No cais de Alcântara, a suave brisa mal faz ranger as amarras dos iates na marina; ninguém está a prestar atenção à brisa, os reflexos das luzes da marginal, dos restaurantes e dos bares substituem a Lua Nova iluminando o Tejo. <i>(O trabalho de parto está a ser
longo, pois, é o primeiro filho... Mais logo dou notícias)</i>. A música
alta, a vozearia de uma pequena multidão à volta das discotecas e restaurantes sobrepõe-se cintilante ao marulhar das ondas na calma quente do Verão.<br />
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-8A6YNUnuxQI/V5dVsvarZcI/AAAAAAAAGhw/MQwz18qJwSE3eL-KSN20UcmP9kLI4mL2wCEw/s1600/LX-Factory.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="104" src="https://1.bp.blogspot.com/-8A6YNUnuxQI/V5dVsvarZcI/AAAAAAAAGhw/MQwz18qJwSE3eL-KSN20UcmP9kLI4mL2wCEw/s200/LX-Factory.jpg" width="200" /></a>Entre drag queens e
outros bandos mais ou menos exóticos e muitos copos, jantares tardios e muitos álcoois,
os tss-pû tss-pû tss-pû das discotecas do Cais do Sodré e Santos tomam
conta dos ouvidos e fazem resvalar a conversa aos gritos para a risota desbragada. Um uísque atrás de outro... Do areal da enseada de Cacilhas para a Ribeira das Naus, atravessa-se o Tejo na sua parte mais estreita em frente a Lisboa; aproveitando o final da enchente, com vento favorável os botes cacilheiros e as faluas atravessam numa hora. Apoiado nas boas notícias da Armada Inglesa de Charles Napier que há coisa de três semanas tinha aniquilado o poder naval dos Miguelistas, o exército liberal
atravessa o rio. Em Lisboa as defesas
estão todas apontadas à Barra do Tejo para impedir os piratas de chegar à
cidade, de Cacilhas nunca viria perigo, vieram os partidários de D. Pedro IV em defesa da Carta Constitucional de 1826. Em pânico o Duque
do Cadaval tinha abandonado Lisboa durante a noite anterior, seguindo com o seu exército para
Norte. No Cais das Colunas não há oposição, na manhã do dia 24 de Julho o Duque de Terceira desembarca sem qualquer resistência e é aclamado
pelo povo. <i>(Zé, parabéns, é um menino! Foi duro para a Maria, o
"rebento" tem quatro quilos e duzentos, mas ambos estão bem)</i>.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://4.bp.blogspot.com/-63MjP0EgSHQ/V5dVsuXatFI/AAAAAAAAGhs/V_nhVypNFhcbCU9nNScX0d-Azr_FUl6KwCEw/s1600/docks-club2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="94" src="https://4.bp.blogspot.com/-63MjP0EgSHQ/V5dVsuXatFI/AAAAAAAAGhs/V_nhVypNFhcbCU9nNScX0d-Azr_FUl6KwCEw/s320/docks-club2.jpg" width="320" /></a></div>
Muitos shots e vários bares depois da Ribeira ao Cais de Alcântara, na madrugada de 25 já não há resistência para mais, vai tudo de táxi
para casa. Na madrugada de 25 os exércitos liberais descansam, na
madrugada o catraio mama de duas em duas horas. Se beber não conduza: não havia
abstémios na tropa, portanto o carro ficou estacionado ali nas imediações da Avenida
24 de Julho.<br />
<span style="color: #4c1130;"></span><br />
<a name='more'></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: #cfe2f3;">Coisas que aconteceram em Julho: será do calor no hemisfério
Norte?</span></div>
<div class="MsoNormal">
<ul>
<li><span style="color: #cfe2f3;">4 de Julho de 1776 - Declaração da Independência dos (então apenas
treze) Estados Unidos da América.</span></li>
<li><span style="color: #cfe2f3;">14 de Julho de 1789 - Tomada da Bastilha, dois dias depois
de iniciada a Revolução Francesa</span></li>
<li><span style="color: #cfe2f3;">24 de Julho de 1833 - Tomada de Lisboa pelo exército do
Duque de Terceira, o ponto de viragem a favor dos liberais na guerra civil de
1832-1834 que restaurou o poder da monarquia constitucional e recolocou no
trono a rainha D. Maria II (a D. Maria da Glória tão querida pelos seus
conterrâneos brasileiros)</span></li>
</ul>
<span style="color: #cfe2f3;">O dia 24 de Julho é feriado na República de Vanuatu
(Dia da Criança). Devia ser em mais sítios!</span><br />
<span style="color: #cfe2f3; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="color: #cfe2f3; font-size: x-small;">Ah, uma nota: só me responsabilizo pelo rigor histórico das narrativas referentes aos vinte e quatros de Julho de 1956 (Lua Cheia) e de 2006 (Lua Nova). Os de 1833, para além da confusão da guerra civil, não são do meu tempo... </span><br />
<br /></div>
JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-64957807113574308932016-07-11T19:18:00.001+01:002016-07-11T19:25:29.579+01:00As comemorações do 10 de JulhoDia 10 de Jun...Julho, com medalhas, faixas e tudo, a banda da GNR a tocar o Hino e tudo, (não confundir com os GNR, a banda), e os novos Comendadores quase irreconhecíveis nos seus fatinhos domingueiros, não foram os penteados e confundiam-se com o resto dos políticos de cachecol verde e vermelho, frente à multidão eufórica em Belém.<br />
<br />
O que mais me tocou, afinal até foram os desfiles pela madrugada em Timor-Leste. Fantástico! E esta manhã metade dos angolanos vinha rouca para o trabalho, bom trabalho o da Selecção das Quinas!<br />
<br />
Onde há tugas e futebol, há festa (e alguma confusão, que o digam os franceses); creio que o povo de Paris já não se lembrava de que eram tantos os tugas na segunda cidade "mais portuguesa" do Mundo.<br />
<br />
Com a devida vénia, colo-me ao título da <a href="https://drive.google.com/open?id=0B4TWvJdVVP1uTW5OY3JjN3dMWlU" target="_blank">primeira página de "o Público"</a> de hoje, e assinalo a nacionalização do <a href="https://drive.google.com/open?id=0B4TWvJdVVP1uRHlOOFkzN00tVWM" target="_blank">Asterix no "i"</a>, Não vejo melhor maneira de descrever o que se passou ontem à noite em Saint-Denis.<br />
<br />
Fim-de-semana errado para os Europeus de Atletismo em Amsterdão, quase não se deu por eles por causa da final do Euro. Se fosse noutra altura, tinha-se dado certamente mais relevo às medalhas de ouro da Sara e da Patrícia, aos bronzes do Tsanko e da Jéssica, mais a vitória colectiva na meia-maratona graças ao 12º lugar da Ana.<br />
<br />
Um fim-de-semana em grande para o desporto de alta competição português; por cá, só posso dizer que as sessões de "mapling" e "zapping" subiram de nível graças à inclusão de "chips" de mandioca frita, que se juntam às idens de banana-pão e às 4 ou 5 variedades de paracuca, acolitando as Cuca propriamente ditas, obrigado TPA pelas transmissões em directo.<br />
<br />
Sanções do Eurogrupo ou do Ecofin ou lá o que é isso do défice? Marimbando...<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><span style="background-color: lime;"><span style="color: purple;">Campeõ-õões, campeõ-</span></span><span style="background-color: red;"><span style="color: #eeeeee;">õões, nós somos cam-pi-õõões!!!</span></span></span></div>
<br />
<br />JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-73097751854431637252016-06-16T01:34:00.000+01:002016-06-16T01:42:30.991+01:00O Prédio do Pleonasmo<div class="MsoNormal">
Havia uma lagoa no Kinaxixi, foi como me explicaram. O
prédio que nunca foi acabado estava sobre ela, nunca drenaram completamente a
lagoa quando lançaram as fundações do prédio e as caves estavam sempre
inundadas e ouvia-se sempre a água a correr, fonte de superstições e medos
infantis, foi o que me disseram, de quando em jovens por lá brincavam. Também
me contaram das famílias que o ocuparam, apesar da lagoa que teimava em
reaparecer, das mortes por queda dos andares altos sem varanda nem outro
acabamento, algumas paredes exteriores feitas já pelos moradores. Tijolo nu,
esqueleto de betão, edifício incompleto, perigoso; li algures que foram para o
Zango as 122 famílias que lá viviam em 2011, porque o prédio iria ser demolido.
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-uPCPZ1UoGhk/V2HxakOtZLI/AAAAAAAAGfw/tQlVZp52zI0sAgL_gNDFGx32p0W9Iu3qQCLcB/s1600/IMG_20160315_082901_r.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://1.bp.blogspot.com/-uPCPZ1UoGhk/V2HxakOtZLI/AAAAAAAAGfw/tQlVZp52zI0sAgL_gNDFGx32p0W9Iu3qQCLcB/s200/IMG_20160315_082901_r.jpg" width="123" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O outro, o da Maianga</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
Pronto, <a href="https://goo.gl/photos/1yo6MfP4NYafqa3h9" rel="nofollow" target="_blank">foi demolido</a>, entre Junho de 2015 e Abril de 2016.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Saltam à vista os esqueletos inacabados, quase uns
"ex-libris" negativos de Luanda, curiosidades para turistas? Um na
Maianga, a aguardar sabe-se lá o quê, e o acima citado e agora desaparecido dito
"da Lagoa" ali ao pé do
mercado (demolido) do Kinaxixi e em frente ao prédio (demolido) da Cuca a
estragar as vistas das duas proeminentes megalómanas e altivas torres que estão
a ser construídas nos seus lugares já há uns anos. Curiosamente, há mais exemplares da
época/arquitectura/estado de (in)acabamento noutras cidades, o fenómeno não é
exclusivo da Capital. Enfim, este já era. Luanda inexoravelmente moderniza-se, limpa as incongruências e cresce em altura. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: x-small;"><b>Kinaxixi, sub. (III) Tremedal; pântano; charco. Poça formada
de água das chuvas.</b></span></div>
<i style="font-size: x-small;">In</i><span style="font-size: xx-small;"> (193?) A. de
Assis Junior: "Dicionário de Kimbundu-Português". Argente, Santos
& C.ª L.</span><sup><span style="font-size: xx-small;">da</span></sup><span style="font-size: xx-small;"> (Ed.). Luanda.</span>JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-28160416936627167362016-05-22T23:11:00.000+01:002016-05-23T14:31:53.211+01:0025 de Maio, Dia de África<div class="MsoNormal">
Luanda tem uma coroa de musseques, fruto de uma organização
urbana antiga e consolidada, desenhada em
planos de ordenamento elaborados até ao meado do século XX, época em que
o crescimento da cidade ultrapassou em velocidade e desordenamento os planos
que os burocratas iam elaborando. À volta do núcleo citadino mais nobre, institucional
e comercial, havia (e há hoje) bairros populares que alimentam a cidade de
mão-de-obra e se alimentam dos empregos lá existentes; o caminho-de-ferro que
os atravessa foi (e se não é, devia continuar a ser) motor dessa estrutura,
passava pelos bairros populares a caminho das riquezas produzidas no interior
do País. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Apesar de residir numa ponta do Distrito Urbano do Rangel, não
consta habitualmente dos meus planos de fim-de-semana embrenhar-me no Rangel, o
Bairro, ir até ao Triângulo dos Congoleses, percorrer o mercado do Tunga-Ngo, costas
voltadas para o insano aterro (in)sanitário ao lado da via férrea, ir até ao pé
da estação dos Musseques com cuidado para não atropelar os candengues (somos todos irmãos, né?) nem
derrubar as balizas improvisadas do futebol de rua, evitando atascar a viatura
e as catraias saltitando na areia do caminho, na tarde amena. Mas avizinha-se o Dia de África e impõe-se o
uso de traje africano: assim, combinámos subir a Avenida em devido tempo
renomeada Hoji-ya-Henda-Herói-Nacional que provavelmente deveria ser mais
conhecido ao menos como nome de rua, se bem que não ficaria nada mal em Luanda continuar
a haver uma Avenida do Brasil na direcção do Cazenga, ao encontro da Dona L.
ali para os lados da agência do Banco do
lado esquerdo, para nos levar pela mão ao local onde se podem
comprar os ditos trajes. </div>
<div class="MsoNormal">
Talvez uma samacaca, imagem forte, colorida, talvez... Como
seria de esperar, fomos bem recebidos na sala cozinha asseada verde gritante e
musica do rádio com o volume no máximo que hoje é Sábado, pela mesa desfilaram
e se avolumaram vestidos vários, artigos genuínos, variados, coloridos, giros, bordados,
interessantes, folhos do Bengo, rodados, em várias medidas, mais manga menos
alça, vestido comprido estampado e composto com sandália a condizer, ela vai
bem fixe para a festa por uns módicos kwanzas; eu creio que não terei grande
oportunidade para festejar coisa nenhuma, com a agenda da semana a ressentir-se
de um pico de actividade que começou há um par de semanas e que tende a
eternizar-se. Diz-se que os primeiros 90% de um projecto consomem 90% do tempo
previsto para a finalização do trabalho; os restantes 10% do projecto, consomem
os outros 90% do tempo planeado... Talvez compre uma túnica tradicional qualquer
dia.</div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Esta parte do Rangel, se bem que às portas de Luanda, faz
parte daqueles sítios onde nos recomendavam em tempos só ir com guia e ir só de
dia. Que exagero, dirão alguns que conhecem e me conhecem e já passaram comigo por sítios
muito mais impróprios e sem guia (e de noite!) pois, vá lá, pode não ser o mais
exemplar bairro de Luanda, mas é arrumado e decente q.b. para uma excursão
dedicada a umas compras bem definidas. As obras da avenida eternizam-se em pó e
valas e solavancos, e buracos, e barreiras e quarta-feira será Dia de África,
um momento para reflectir, depois festejemos! </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Fpe_p2iFWoM/V0It6kwaAGI/AAAAAAAAGZI/ACQ9Rd8Bx4Ix-0F9ncRgZEl_Kvk1C-IOACLcB/s1600/dia%2Bde%2B%25C3%2581frica_2007_r.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="https://1.bp.blogspot.com/-Fpe_p2iFWoM/V0It6kwaAGI/AAAAAAAAGZI/ACQ9Rd8Bx4Ix-0F9ncRgZEl_Kvk1C-IOACLcB/s400/dia%2Bde%2B%25C3%2581frica_2007_r.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-46260367044172830052016-04-27T14:38:00.000+01:002016-04-27T21:25:09.824+01:00Avril au Portugal<div class="MsoNormal">
Abril chuvoso como não se via há anos, frio como não me
lembro de ter sentido. "Em Abril, águas mil", diz o ditado; assim, pelo menos por esse lado está conforme, o frio é que nem por isso. Curiosamente, no meio de tanta chuva primaveril, as últimas viagens que fizémos foram quase completamente em
seco, sorte com as abertas, foi o que foi. Para além dos quase 6.000 Km de Luanda para Lisboa, ainda fiz uns dois mil adicionais entre a casa e as casas dos filhos, agora, casas de mais dois netos! Visitas oportunas...</div>
<div class="MsoNormal">
Noto que já há tempo que não andava: a) em estradas nacionais
a fugir às portagens das caríssimas auto-estradas e das incómodas e caríssimas
ex-SCUT; b) perdido no Algarve à procura da N125 em obras, e com sinalização
mais do que irritantemente insuficiente; c) em transportes colectivos, salvo
avião, claro. Foi curioso (e confortável) o reencontro com o expresso
rodoviário e o comboio suburbano, depois de muito tempo sempre de carro para
cá, carro para lá, em Portugal e em Angola, em Luanda não sei mesmo como movimentar-me de outra maneira.</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-KnqooDOsK_k/VyBsrpJMJUI/AAAAAAAAGYk/aFhoVharMoofDI6OW-kwgEbU298RjbpPACLcB/s1600/IMG_20160402_180950_rt.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" height="197" src="https://1.bp.blogspot.com/-KnqooDOsK_k/VyBsrpJMJUI/AAAAAAAAGYk/aFhoVharMoofDI6OW-kwgEbU298RjbpPACLcB/s320/IMG_20160402_180950_rt.jpg" title="Para os lados do equador, 18:09:50h (UTC +1:00h)" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="text-align: start;"><span style="font-size: x-small;">Por cima do equador, 18:09:50h (UTC +1:00h) </span></span><span style="font-family: "wingdings"; font-size: 12.8px;">à</span><span style="font-size: x-small; text-align: start;"> 15º</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em miúdo lembro-me de que havia um cartaz desbotado de verdes
e azuis consumidos pelo sol com uma vista de mata e do Palácio de Sintra, algures
numa montra do Palácio Foz, no "Turismo" de Lisboa. Por essa época, a começar a aprender a ler, recordo-me de perguntar ao meu pai o que queria dizer o "<a href="https://www.youtube.com/watch?v=UOS7FumXFbU" rel="nofollow" target="_blank">Avril au Portugal</a>"
apanhado num folheto de promoção turística destinado obviamente a estrangeiros,
no que deve ter sido a primeira vez que percebi que havia outras línguas e
outros países... Provavelmente deveria estar grato por esta pequena
contribuição do <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Secretariado_Nacional_de_Informa%C3%A7%C3%A3o" rel="nofollow" target="_blank">SNI </a>para o despertar da minha curiosidade para o entendimento do Mundo, mas o facto é que sempre associei Abril à chuva, e nunca percebi muito bem que razão levaria alguém a querer turistear ensopado e frio pelas ruas de Lisboa, a chapinhar nas poças de uma baixa cinzenta, sem vista para a outra banda encoberta, Cais das Colunas com o mar (da palha) picado. De qualquer forma, nas minhas deambulações do tempo em que tinha tempo para tudo, sempre gostei muito de passar pelo Palácio Foz, embora, admito, a minha curiosidade infantil pela Praça dos Restauradores estivesse mais ligada ao pitoresco inclinado do vizinho elevador da Glória. A parte da cultura e dos filmes "alternativos" na Cinemateca foi mais tarde.</div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Mais tarde, recordo-me de ter visto outro cartaz idêntico na montra de um restaurante no Porto,
com uma imagem da mata do Luso ou do Bussaco ou coisa assim, desbotado no verde
e no azul consumidos pelo Sol; uns anos ainda mais tarde, reencontrei um destes
cartazes, resistente e meio desbotado a atirar para o azul como os outros,
num posto de turismo, salvo erro em Freixo de Espada à Cinta. Ou teria sido em Valença? Houve
uma época em que andei frequentemente do Minho para Trás-os-Montes e vice
versa. Embora a memória já não esteja muito fresca, quer dos muitos locais só de passagem quer das
imagens dos cartazes encontrados há muito tempo, recordo bem o impacto das excelentes imagens reproduzidas, e a cidade e o campo e o desbotado das cores, que as memórias podem perder rigor no espaço e no tempo, mas nunca desbotam completamente nem perdem o aroma. No fundo, Portugal é um bom destino turístico, é o que é.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-RQkNVCcv2w4/VyBvEKcWMSI/AAAAAAAAGYw/8dKW08ZS2HkGXeu94aY9MjP7nPZ6Pd88wCLcB/s1600/SeiaAbr%252716.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="395" src="https://2.bp.blogspot.com/-RQkNVCcv2w4/VyBvEKcWMSI/AAAAAAAAGYw/8dKW08ZS2HkGXeu94aY9MjP7nPZ6Pd88wCLcB/s640/SeiaAbr%252716.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Seia, numa aberta este Abril, quase quase quase a levar com mais uma grande carga de água.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-17065696933126886512015-12-11T21:40:00.003+00:002016-03-25T19:20:17.193+00:00Outras Realidades<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Tenho andado a ler "O Leopardo" de Jo NesbØ. Um policial "da moda", para descontrair. Um autor norueguês da moda, da região da moda para policiais. Os do Norte são grandes criadores/consumidores do estilo, apesar de estarem estatisticamente muito longe dos países com muitos crimes. Será da falta de Sol ou do clima, mas é um facto que têm boa produção do género. Será difícil não reparar na trilogia de "suspense" de Stieg Larsson e nos filmes nela inspirados, ou nos personagens de Henning Mankell, Camilla Läckberg etc. Principalmente autores suecos e noruegueses, incluem locais e personagens da vizinhança mais que geográfica finlandesa e dinamarquesa, pois claro. Voltando ao "Leopardo", há na história um foco lateral à trama de crimes e mistérios que salta à vista: o peso dos muitos dialectos regionais e as diferentes pronúncias dos falantes das várias nacionalidades que se cruzam no enredo.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/--IGhDDoZVUE/VmtCqMuJ_jI/AAAAAAAAGMI/ZoJTiByCYDQ/s1600/DSCF1523_rt.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="123" src="https://3.bp.blogspot.com/--IGhDDoZVUE/VmtCqMuJ_jI/AAAAAAAAGMI/ZoJTiByCYDQ/s200/DSCF1523_rt.jpg" width="200" /></a></div>
Ora bem, dá vontade de olhar um bocadinho mais em pormenor para a região: a Noruega é considerada o país mais pacífico do mundo, um dos melhores países para se viver e está há uma data de anos no topo da escala do desenvolvimento humano da ONU (junto com o resto da Escandinávia). Próspera e pacífica Noruega, longe vai o tempo dos vikings e das tribos que se guerreavam entre si. Tribos reunidas em reinos que se desenvolveram como comerciantes e prosperaram graças ao comércio, num tempo em que os povos mais a Sul se ocupavam em "guerras santas", é curioso como na Escandinávia sobreviveram ainda assim vinte e tal línguas aparentadas e dezenas de dialectos regionais. Longe de me querer armar em especialista de línguas germânicas, não consegui deixar de pensar na semelhança do que se passa no território de Angola com as suas quatro línguas bantu principais e umas dezenas de dialectos regionais. Ou com a meia dúzia de variantes do português que se falam pelo mundo, mais uns tantos dialectos derivados (pois, não me venham lá com o acordo ortográfico, os vários "portugueses" são línguas vivas, sabe-se lá onde irão parar). Parafraseando o trocadilho escandinavo: o brasileiro é português falado em angolano...<br />
Atribui-se a Max Weinreich, um linguista famoso que viveu numa região semelhantemente crivada de línguas, a afirmação de que "uma língua é um dialecto com exército e marinha"; unificadas as tribos em reinos, fundidos, colonizados, separados e pacificados os reinos, só faltam mesmo uns oitocentos anitos de desenvolvimento para chegarmos ao mesmo ponto da Escandinávia. O resto já temos.JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-34530580062532829802015-11-15T19:40:00.000+00:002015-11-15T19:40:06.089+00:00Falta de... Tudo!<div class="MsoNormal">
<span style="color: blue;">Aqueles gajos do ISIL, Da'ish, ou
lá como se querem chamar, são mentecaptos,
alienados, loucos! Doidos varridos, que aliciam outros mentecaptos, frágeis,
tolos, idiotas, dependentes, a fazer coisas como a de sexta à noite em Paris.
Isto não tem nada a ver com religião nenhuma, é um exercício simples de poder
por parte de mentes perversas, doentes, dementes. Historicamente nada de novo,
o problema é que acontece no nosso tempo e não há perspectiva histórica que nos
sossegue quando estamos metidos no meio da...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: blue;">Alguém do não menos sinistro Boko
Haram afirmava há tempos aos <i>media </i>que
a violência servia para chamar a atenção: se não fosse a crueldade dos actos
praticados, ninguém dava por eles. Na ausência de limites de uma sociedade
desfeita, é impossível canalizar as paixões e as devoções para qualquer coisa
de </span>socialmente útil, clama-se por deus onde não há pão, mata-se por desfastio
onde não há razão.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Compreendo muita coisa, até
cresci num Estado-Laico-Graças-a-Deus, mas o facto de viver toda a vida em Estados
em que o divino e o secular são matéria separada (voltem, Abássidas, estão
perdoados...), não me deixa margem para aceitar que uma lei escrita por homens,
estruturada funcionalmente para regular as relações entre semelhantes, possa ser
considerada divina ou de alguma maneira ser divinizada. </div>
<div class="MsoNormal">
O próprio processo da divinização
(de objectos ou entes) é compreensível, está bem estudado, sabemos de onde vem
e as soluções admiráveis que levaram ao Deus Único, mas definitivamente não
serve, não é aceitável para justificar
actos <span style="color: #cc0000;">humanos, quaisquer que sejam. Muito menos depois de milhares de anos de
civilizações sucessivas, em que delegamos uma parte da nossa liberdade
individual para que alguns eleitos assegurem a segurança da maioria. Não é para
virem alguns "eleitos" lixar tudo em nome de coisa nenhuma.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="color: #cc0000;">Antigamente, os irrecuperáveis
eram enfiados numa masmorra (ou manicómio) e esquecidos. Só que... queremos
crer que vivemos numa sociedade mais justa e mais tolerante, com capacidade
para integrar, talvez antes com margem de manobra para suportar um determinado
nível de desmandos, e mesmo assim seguir em frente. Estaremos ainda? Quando o
apelo à barbárie vem logo no dia seguinte de um <span style="color: #cc0000;"><a href="http://www.nydailynews.com/news/politics/trump-strict-gun-laws-changed-paris-attacks-article-1.2435108">candidato</a>
</span>à presidência dos Estados Unidos da América afirmando que se as vítimas de
Paris tivessem armas, a "situação teria sido muito diferente".
Estamos bem servidos! </span></div>
JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-47983390740901358312015-11-08T23:02:00.004+00:002016-04-27T21:31:25.009+01:00Falta de Água<div class="MsoNormal">
Começa a época das chuvas, começa
a época da falta de água da rede. Lá para Janeiro isto passa.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há tempos vieram arranjar algo na
canalização no prédio onde morava, claro que tinha de ser à hora do almoço.
Felizmente foi coisa de pouca duração, passados uns 10 minutos o operativo vem
amavelmente comunicar-nos que "<i>o homem que tá lá a arranjá aquele quê, diz
que já pode abri' o quê...</i>" Traduzindo, a bomba de água está ligada, já se
pode abrir a torneira. Em Angola, não há nada que não se resolva.</div>
<div class="MsoNormal">
Agora, noutro apartamento, a
avaria é outra, o efeito é o mesmo: abre-se lá o quê e a água não vem metade
das vezes, (uma dia) hão-de vir mudar não sei o quê na bomba de água,
entretanto, desliga-se a bomba, liga-se outra vez, e ela lá se vai dignando produzir uma pressão razoável para as necessidades do dia. Para não pensar
tanto na falta de eficácia da bomba de água, hoje voltámos a estar a
"girador" por umas horas; parece que foi por uma boa causa, nas 36
horas anteriores a energia esteve "fraca", não dava para ligar o AC,
o microondas não aquecia, a luz mortiça... Depois de umas horas de corte, a
energia voltou "reparada", tudo a funcionar correctamente. Creio que
terá sido da chuva, desde a última avaria na zona (uma semana inteira a
gerador, uma gaita!) a coisa tem estado perfeitamente estável.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A primeira chuvada a sério da estação aqui nesta banda foi na sexta-feira passada, quase 10 horas de carga de água ininterrupta. As acácias que já tinham manifestado o apreço por umas pingas na semana que passou, ontem rejubilaram. Floriram de repente, cachos de flores vermelhas por todo o lado, lindo.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-_paqlYHB96M/Vj_VL5GLqpI/AAAAAAAAGG8/ufuwkJEij3M/s1600/DSCF1496_rt.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="198" src="https://3.bp.blogspot.com/-_paqlYHB96M/Vj_VL5GLqpI/AAAAAAAAGG8/ufuwkJEij3M/s320/DSCF1496_rt.jpg" width="320" /></a></div>
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-21293144302146889562015-10-25T12:30:00.000+00:002015-10-25T12:30:00.111+00:00Sobre a União e Outras Forças da Natureza<div class="MsoNormal">
Fez ontem setenta anos que entrou
em vigor a <a href="https://unic.un.org/aroundworld/unics/en/whatWeDo/productsAndServices/publications/index.asp?callPage=home&category=1#1">Carta
das Nações Unidas</a>, assinada por 50 países saídos da II Grande Guerra e apostados
em evitar mais guerras. Curiosamente quatro deles eram Uniões de países saídas da guerra, uniões desfeitas ainda antes do final do Século XX. Depois da Carta
assinada, metade dos países signatários entraram em guerras, sustentaram
guerrilhas, sofreram revoltas, tiveram revoluções e vivem ainda em guerra, algumas dessas guerras entre membros
das Nações Unidas.</div>
<div class="MsoNormal">
Um dia destes (re)passaram na tv um
par de reportagens sobre o regime absolutista da Coreia do Norte (que não
pertence às Nações Unidas) e uma vez mais me toca a extraordinária força das
palavras, a força das ideias. Sejam elas quais forem, num determinado contexto
em que se admitam como verdade incontestada, em que quem as profere tem num
momento o estatuto e a credibilidade absoluta, coisas grandiosas podem acontecer.
Desde que o mentor das ideias ou o Senhor da Palavra esteja disposto a ir até
às últimas consequências, convenientemente assessorado (que é como se diz hoje
em dia...) por uma pequena elite de apoiantes incondicionais, a união acontece,
a revolução acontece.<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-QQ0Jq-Cqa4E/Viv0ofdofmI/AAAAAAAAGFw/jh3meW_fzkE/s1600/800px-Lenin.WWI.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-QQ0Jq-Cqa4E/Viv0ofdofmI/AAAAAAAAGFw/jh3meW_fzkE/s200/800px-Lenin.WWI.JPG" width="142" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Lenine discursando<br />
(de Wikipedia - <a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Revolution" target="_blank">Revolução</a>)</td></tr>
</tbody></table>
As ideias revolucionárias arrastam multidões a fazer
coisas de outra forma impensáveis, à conta de uma ideologia martelada insistentemente no seu subconsciente até
se tornar a única realidade possível ou mesmo imaginável; as revoluções têm depois um efeito perverso, o exercício incontrolado do poder, a
visão da eternidade aparentemente alcançável, a preservação dos privilégios
numa elite que controla o uso da força ao mesmo tempo que sustenta a incultura
das massas... A União, a Força, o Poder, seduzem, empolgam, levam-nos na onda. Embora
a longo prazo se tenha verificado que muitas vezes dá raia, não deixamos de
tentar, não seria humano não tentar; no entanto, que seria do Mundo se algumas ideias não resultassem?</div>
<div class="MsoNormal">
Um dos 50 signatários originais da Carta das
Nações Unidas, uma União, teve um percurso desgraçadamente completo nos últimos
cento e pico anos: saiu de uma guerra, sofreu uma revolução, entrou em mais um
monte de guerras, acabou com a União, continuou a sustentar e a entrar em mais
guerras. Como que a lembrar que passa mais um ano sobre o regime bolchevique
instaurado da Rússia em 25 de Outubro de 1917, na falta de melhor documentário sobre
a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (Союз Советских Социалистических
Республик ou CCCP para os russos), recomendo a Revolução de Outubro, segundo
Baldrick: <a href="http://www.bbc.co.uk/programmes/p00hhr1f">http://www.bbc.co.uk/programmes/p00hhr1f</a>.
E desafio algum leitor que, tenha passado distraidamente por estas linhas, a
pensar pela sua própria cabeça e a responder ao pequeno questionário que se
segue sobre outra revolução:</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Onde é que eu estava no 25 de
Abril? </div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-indent: 6pt;">
<!--[if !supportLists]-->a)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span><!--[endif]-->A
colaborar com o MFA</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-indent: 6pt;">
<!--[if !supportLists]-->b)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span><!--[endif]-->A
beber uns copos com os amigos</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-indent: 6pt;">
<!--[if !supportLists]-->c)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span><!--[endif]-->A
curtir uma musica</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-indent: 6pt;">
<!--[if !supportLists]-->d)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span><!--[endif]-->Todas
as anteriores</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-indent: 6pt;">
<!--[if !supportLists]-->e)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span><!--[endif]-->Nenhuma
das anteriores</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Que teóricos me inspiraram neste
artigo?</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="text-indent: 6pt;">
<!--[if !supportLists]-->a)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span><!--[endif]-->Karl
Marx</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-indent: 6pt;">
<!--[if !supportLists]-->b)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span><!--[endif]-->Friedrich
Engels</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-indent: 6pt;">
<!--[if !supportLists]-->c)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span><!--[endif]-->Friedrich
Nietzsche </div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="text-indent: 6pt;">
<!--[if !supportLists]-->d)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span><!--[endif]-->Todos
os anteriores</div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="text-indent: 6pt;">
<!--[if !supportLists]-->e)<span style="font-size: 7pt; font-stretch: normal;"> </span><!--[endif]-->Nenhum
dos anteriores</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
As respostas estão todas no texto :-)JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-52298708862294879732015-10-24T21:42:00.002+01:002015-10-29T13:43:53.538+00:00O Borrão<div class="MsoNormal">
O vinho ... é como tantas outras
coisas: claro que se podem comer as uvas e isso é bom, mas das uvas se faz
vinho. Muita ciência e muita cultura investidas nisso, e o produto final
transforma-se numa fonte de prazer e bem estar principalmente quando
acompanhado (e isto é muito da natureza humana), tudo sabe melhor com os amigos.
É como o milho, por exemplo: sabe bem roer uma maçaroca depois de assada lentamente na brasa, mas uma broa
ligeiramente tostada com queijo e mel é outro mundo.</div>
<div class="MsoNormal">
O Champanhe, por exemplo (nalguns aspectos como o Vinho do Porto), é ainda outra
coisa: é a imaginação e a necessidade, a economia e a razão a funcionarem, para criar um produto de onde naturalmente não sairia nada que prestasse. Os
"outros" vinhos também serão, em primeira análise, uma forma de
enriquecer um fruto sazonal e preservá-lo para consumir ao longo de todo o ano; o
champanhe também parte desta necessidade básica, mas acabou se transformando em
algo muito diferente de uma "conserva" mais ou menos requintada. É
como pegar numa lata de sardinhas usada e ferrugenta, reciclá-la, e
manufacturar com o material resultante um saca-rolhas: de um lixo sem
préstimo aparente, criar uma ferramenta preciosa.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-jSp9t2agghQ/VivsTB2biQI/AAAAAAAAGFg/Kn9bb-jRIro/s1600/DSCF1432_rt.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-jSp9t2agghQ/VivsTB2biQI/AAAAAAAAGFg/Kn9bb-jRIro/s200/DSCF1432_rt.jpg" width="123" /></a>Por outro lado, há produtos que
manifestamente não servem. Aparecem, eventualmente preenchem um vazio ocasional
no mercado, nunca atingem elevados níveis de qualidade nem de coisa nenhuma, e acabam
por desaparecer no esquecimento. Nem para reciclar servem. Estou a referir-me
ao discurso do PR de ontem: que treta de discurso! Fez o constitucionalmente óbvio,
indigitar para PM o líder do partido mais votado; depois, bem mais valia se
tivesse ficado calado, Calado Silva. Ainda bem que está de saída, de vez. Acho que a História irá registar a
passagem de Cavaco pela Presidência como uma mancha, uma nódoa na jovem
democracia portuguesa... Mancha? Talvez mesmo só um borrão. Não creio que haja grande
coisa a recordar de um consulado pífio, rígido, com algumas gafes e mentiras, sem
imaginação, praticamente nem para anedotas serviu. Serviu para preencher uma
época de tédio, de afastamento da política por parte do povo, esperamos que
tenha servido de emenda. Se alguma coisa restar desta presidência para as
gerações futuras vai ser só um borrão, o Borrão Silva, a desvanecer-se na
passagem inexorável do Tempo.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Depois de um resultado eleitoral
animado, a acompanhar um tropicalíssimo bolo de banana bebemos um cálice de
Porto. À saúde da democracia portuguesa:
em querendo, tem muito para dar, bom e mau... mas tem!JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-42598847977996772782015-10-12T09:36:00.000+01:002015-10-13T09:55:51.339+01:00Correios de Angola (e as eleições portuguesas...)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-d5TrHYxfQJY/VhtvzeACFpI/AAAAAAAAGFM/ssCVPDlxn4A/s1600/nginga.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="159" src="http://1.bp.blogspot.com/-d5TrHYxfQJY/VhtvzeACFpI/AAAAAAAAGFM/ssCVPDlxn4A/s200/nginga.png" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Imagino a dedicação que é
necessária para distribuir correspondência numa cidade como Luanda. Os
carteiros têm de conhecer os cantos ruas e becos, fixar caras e nomes. Mesmo no
centro da cidade, há prédios sem número, números repetidos na mesma rua, ruas
com múltiplos nomes (nome "do tempo colonial", nome novo, alcunha,
nome tradicional do sítio) largos que são ruas, cruzamentos que eram rotundas,
prédios novos ocupando quarteirões inteiros, vivendas e apartamentos divididos
e subdivididos, com anexos desregulados ao lado, por cima, atrás, partilhando
entradas onde antes eram pátios. E isto, no centro da cidade, nem me atrevo a
comentar os bairros da periferia. E no entanto, vai funcionando, com uma
fiabilidade louvável, apesar da eficácia notoriamente menor que noutros países, mesmo vizinhos.
Quero acreditar que a distribuição de correio poderá<a href="http://jornaldeangola.sapo.ao/economia/correios_de_angola_criam_codigo_postal"> melhorar</a>, mas entretanto... é o que há.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ah, claro, a carta com o boletim
de voto em falta chegou quinze dias antes das eleições à central dos correios,
assim atesta o carimbo de entrada. Mas só foi distribuída e entregue na morada de destino no dia 6 de Outubro.
Cinco dias depois da data limite para o carimbo dos correios permitir o voto
válido. Para ser "expedida do país
de origem o mais tardar no dia da eleição (4 de outubro)" a cartinha com
o voto teria de ser enviada de facto até
dia 2, sexta-feira, não há correio no fim-de-semana. </div>
<div class="MsoNormal">
Seria mesmo muito difícil enviar
a gaita do boletim de voto por outra via, com mais antecedência? Por muito que
se queira, não estamos em Hannover ou em Bordeaux, pretendê-lo é fingir ou
divagar, até certo ponto desconsiderar Luanda em vez de respeitar a sua
realidade e agir em conformidade. Já para não falar no que é devido aos cidadãos
impedidos de votar.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-11932542068501166782015-10-02T12:54:00.001+01:002015-10-02T14:47:16.002+01:00Eleições! Voto por correspondência? Endereço postal? Correio? Tem, mas...<div class="MsoNormal">
Inscritos no Consulado, eu e ela de certidão
passada, aguardámos pacientemente a Carta com o Boletim de Voto. Para além de
alguma expectativa no resultado das eleições, há coisas me
causam alguma ansiedade no processo (exótico) de recolha dos votos dos "que estão
fora".</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A primeira indicação de que
estamos efectivamente num país exótico (ou que queremos participar, votando,
numas eleições de um país exótico?) foi a exigência de um endereço postal para
nos enviarem o Boletim de Voto. Não percebo porque o boletim não pode ser distribuído
de outra forma, se o verdadeiro filtro da validade do voto está na
"Assembleia de Recolha e Contagem de Votos dos Portugueses Residentes no
Estrangeiro" que só deverá contar os votos recebidos acompanhados de
certidão ou cópia do cartão de eleitor, com regras claras e obrigação última de
impedir qualquer tipo de fraude, mais do que previstas na Lei Eleitoral.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Convenhamos, não há distribuição de
correspondência ao domicílio em Angola, pelo menos universal e sistemática. Como
é que vamos receber o boletim de voto? E ainda por cima em carta registada...
Um par de telefonemas e umas mensagens depois, conseguimos autorização para dar
como "residência" o endereço de uma empresa situada milagrosamente
numa das raríssimas zonas onde há distribuição postal frequente em Luanda. Eu queria ver
como é que me safava se estivesse em Negage ou no Sumbe, só para não ir mais
longe. Desenrascanço obrigatório, onde deveria haver simplicidade e
transparência.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A segunda indicação de que
queremos participar, votando, numas eleições de um país exótico (ou que estamos
num país exótico?) foi que ambos recebemos, um mês e tal antes das eleições,
uma carta de uma Coligação no Poder a apelar ao voto neles, mal disfarçada de
apelo à participação nas eleições. Gostávamos mesmo muito de saber se o nosso
"endereço postal" há tão pouco tempo indicado à Comissão Nacional de
Eleições via Consulado ficou logo livremente disponível para todos os partidos concorrentes,
ou se se tratou apenas de um caso de abuso de acesso privilegiado. Gostava de explorar o assunto.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Finalmente, mas não de somenos
importância, há dias recebi a cartinha com o boletim de voto e as instruções de envio, e
a esposa não. Provavelmente extraviou-se, anda por aí pelo Mundo um boletim de voto
perdido e temos uma eleitora impedida efectivamente de exercer o seu
direito-dever pela máquina eleitoral (exótica?) de Portugal. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-gjQwSw27N1I/Vg5u4SHgP6I/AAAAAAAAGE0/mNgSy1rvfN0/s1600/IMG_20151002_085117.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-gjQwSw27N1I/Vg5u4SHgP6I/AAAAAAAAGE0/mNgSy1rvfN0/s200/IMG_20151002_085117.jpg" width="168" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Resta ainda saber se o meu voto
vai chegar a tempo. Eu pago os selos, sem problema, envio por avião, sim-sim,
antes da data das eleições, claro; faltava o país de destino, escreve-se à mão; registado? Nem foi preciso pedir, a menina
do outro lado do guichet da estação de correio do edifício sede dos Correios de
Angola, quando viu o envelope passou-me logo a papeleta do registo (e o pedido
de oitocentos e tal kwanzas, o troco de mil foi em selos). </div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Coisas e hábitos de filatelista
desde pequenino, costumo usar os Correios. Há tempos enviei carta de Ondjiva,
chegou a Lisboa 9 dias depois; enviei carta do Kuito, chegou 14 dias depois;
enviei de Luanda, uma demorou 11 dias, outras não anotei. Por princípio, confio
nos correios: a partir de Portugal, só nos últimos 4 anos enviei e recebi umas
centenas de cartas "pessoais" de e para uma vintena de países. Não conto
as contas, a publicidade e a correspondência dos bancos. Dei conta de um único
extravio, proveniente de Espanha; quanto ao resto, mais demora, menos
alfândega, os Correios são uma instituição confiável. Claro, há extravios,
roubos, acidentes, mas é uma parcela ínfima do correio correctamente franquiado
e endereçado que circula por aí. E convenhamos, funciona muito bem nos países
ditos desenvolvidos, com infraestruturas nacionais de tratamento da
correspondência funcionais. O que não é o caso de metade do Mundo e de dois
terços dos países, se alguém tiver curiosidade de consultar os vários índices
disponíveis on-line...</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em resumo, a nossa experiência
não será exactamente estatisticamente representativa, mas contribui certamente
para uma má "primeira impressão" sobre o processo de recolha dos
votos dos portugueses no estrangeiro. Permito-me deixar recados, Correios à parte, fiquei
primeiro irritado e depois desiludido; queixo-me mas não desisto, a irritação
passa, a mágoa, por muito que se diga, essa fica.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Senhores governantes: não há só
portugueses emigrantes em Inglaterra, Suíça ou Estados Unidos, países onde os Correios funcionam e se seguem boas práticas
e recomendações sem interrupções há mais de 150 anos!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Senhores governantes: qual
seria o problema de adoptar procedimentos iguais aos já em vigor para outros
casos, como para o voto antecipado de funcionários deslocados, o recurso aos
serviços Consulares... Para além disso, há mais Correios para além dos
Correios! Há empresas de transporte de correpondência, muitas propriedade de administrações postais nacionais, (Chronopost, DHL, UPS e milhentas outras), há portadores credenciados,
há Mala Diplomática, há afinal um mundo de possibilidades tão ou mais confiáveis que os serviços de Correio estatais. E porquê via CTT que até já nem é uma empresa
pública?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Senhores governantes: para que
serviu o investimento de uma geração num Cartão de Cidadão, dispendioso, com chip (e um prazo de validade irrisório),
integrado num sistema que reconhece a minha impressão digital e assinatura de
forma segura e inequívoca através de qualquer ligação à Internet, que por acaso
tem uma cobertura estupidamente mais abrangente que a distribuição domiciliária
de correio, se não o consigo usar para me autenticar ou validar a morada e, por
exemplo, votar?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Receio, ao falar na incapacidade prática de o cidadão português residente em muitas partes do "estrangeiro" exercer os seus direitos e cumprir o dever cívico de votar, não estar a
abordar a questão técnica, da segurança ou credibilidade do sistema, nem sequer da acreditação do cidadão
perante uma entidade pública; antes,acho estou a bater na parede de um edifício de sobre-legislação
ultrapassada, já inadequada quiçá no dia em que foi criada, de métodos e meios
desfasados da realidade presente ainda ancorados num passado reinventado e
inexistente e, pior que tudo, desperdiçando
um monte de oportunidades e soluções (caras), deixando uma imagem mixuruca de Portugal para a Civilização e gerações futuras. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vai demorar a
corrigir isto com eleições tão condicionadas aos interesses dos políticos
representantes da "partidocracia" vigente e, cá vem a coisa da má
impressão, tão perdidos na cosmética financeira dos buracos recorrentes, que apenas passam a ideia de estar pouco
preocupados com os superiores interesses do País e dos Cidadãos.</div>
JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2731656953024589691.post-11310489407500746272015-09-10T09:00:00.000+01:002015-09-10T09:00:00.907+01:00Doce de Loengo<div class="MsoNormal">
Caíram umas pingas no outro dia
em Luanda. Como previsto, paulatinamente, as manhãs cinzentas vão cedendo à luz
do Sol, a temperatura do ar vai subindo. Claramente mudamos de estação, de
repente toda a gente passou a vestir manga curta, as ruas estão mais coloridas,
do verde claro das folhas novas, das camisas dos transeuntes, das grandes flores
vermelhas que já abriram, nas árvores à volta da Sagrada Família.</div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Tem havido muito ananás, está na
época do abacate, as mangas já estão maduras e a ameaçar os passantes
penduradas nas árvores altas dos quintais, voltaram os maracujás grandes e amarelos; os loengos estão quase a ir como vieram,
de súbito, toda a zungueira tem bacia de loengo, um dia destes desaparecem. É
aproveitar a fartura, pô-los a coser até a polpa se conseguir separar do
caroço, água tinta e polpa ácida prontas para juntar o açúcar. Nós juntámos
também um pouco de maçã vermelha (da espécie "cavia", claro...) e
ficou um doce macio, ácido e doce, de um carmim forte, quase vinho tinto. Apetece
rechear um bolo com aquilo, deixa ver se no fim-de-semana...</div>
JRhttp://www.blogger.com/profile/09265434123527318500noreply@blogger.com0